Massacre de Paraisópolis: Não foi acidente. É genocídio!

Com profundo pesar, solidariedade e respeito aos familiares das vítimas de Paraisópolis, denunciamos a violência policial e a responsabilização do Estado brasileiro diante das 9 mortes e de todos os jovens feridos enquanto exerciam seu direito ao lazer e à cultura, em um baile funk, na madrugada de primeiro de dezembro, na zona sul de São Paulo.

Por Coalizão Negra Por Direitos, no Facebook

Coalizão Negra Por Direitos

Meninas e meninos foram encurralados pela polícia militar, que disparava armas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e distribuía garrafadas, coronhadas, socos e pontapés. Morreram, como decorrência da ação policial: Paulo Oliveira dos Santos, de 16 anos de idade; Bruno Gabriel dos Santos, de 22 anos; Eduardo Silva, de 21 anos; Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos; Mateus dos Santos Costa, de 23 anos; Gustavo Cruz Xavier, de 14 anos 7; Gabriel Rogério de Moraes, de 20 anos; Dennys Guilherme dos Santos Franca, de 16 anos e Luara Victoria de Oliveira, 18 anos. Jovens negros, em sua maioria.

Ações policiais de repressão a bailes funk têm sido frequentes. No início de novembro, uma jovem de 16 anos perdeu o olho ao ser atingida por bala de borracha durante a dispersão de um baile em Guaianazes, na zona leste. No mês de setembro, a PM paulista apreendeu 75 veículos de frequentadores de um pancadão na região de Itaquera, também na zona leste, quando uma pessoa foi detida. Há um ano, três pessoas morreram pisoteadas no bairro dos Pimentas, em Guarulhos. Em 2017, oito pessoas foram baleadas pela ação da mesma polícia em um baile funk, na cidade de Osasco, região metropolitana de São Paulo. Não é possível, portanto, nomear tais ações táticas e violentas como acidente, tumulto, confusão ou incidente.

Exigimos investigação imediata e isenta dos assassinatos em Paraisópolis, além de proteção a familiares e testemunhas do caso. É dever do Estado garantir segurança e proteção a todas as pessoas, e inaceitável que provoque, também com repressão e criminalização aos bailes funks, o genocídio da juventude negra. Vale lembrar que o direito social ao lazer e à cultura está assegurado na Constituição e no Estatuto da Criança e do Adolescente.

As ações da polícia militar são responsabilidade direta do governador. Se há ações violentas contínuas, apesar de nossas denúncias, estas devem ser entendidas como ações deliberadas, logo, orientadas e autorizadas pelo seu comando maior, o governador João Dória, que deve ser imediatamente responsabilizado. Na campanha eleitoral de 2018, João Dória afirmou que a partir de primeiro de janeiro de 2019, a polícia militar atiraria para matar.

Convocamos, portanto um ato, na quarta-feira, 4/12, a partir das 17h, em frente à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Coalizão Negra por Direitos

+ sobre o tema

Pesquisador diz que piadas racistas reforçam padrão colonial

Piadas sobre negros ainda são usadas para desqualificar...

Frente considera programa de cotas paulista ‘preconceituoso e equivocado’

Manifesto destaca que "medidas como as apresentadas agora não...

Dia da Consciência Negra: para conquistar o orgulho é preciso resgatar origens, diz pesquisador

Em 20 de novembro de 1695 morreu Zumbi dos Palmares, símbolo da...

Meu cabelo não é ruim! por Sou Yawo

Até quando? Posted by Sou Yawo on Domingo, 29 de novembro...

para lembrar

Prada retira produtos de circulação após acusações de racismo

A Prada tornou-se a mais recente marca a ser...

Violência contra jovens negros em pauta

Por:  Beatriz Noronha -    O Brasil ocupa...

Diversidade é saúde: Fiocruz cria grupo pela equidade de gênero e raça 

Saúde é um conceito amplo para a Fundação Oswaldo...
spot_imgspot_img

Chacina na Bahia faz 10 anos como símbolo de fracasso do PT em segurança

A chacina do Cabula, que matou 12 jovens negros com 88 disparos em Salvador, completou dez anos na semana passada sendo um símbolo do...

Rio de Janeiro se tornou resort do crime organizado

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal retomou o julgamento da ADPF 635, a chamada ADPF das Favelas, pela qual se busca a elaboração de...

O silêncio que envergonha e a indignação que nos move

Há momentos em que o silêncio não é apenas omissão, mas cumplicidade. E o que aconteceu com Milton Nascimento, nosso Bituca, na cerimônia de premiação...
-+=