‘Melanina in Solos’ reúne peças compostas por apenas um ator

Série faz parte da 3ª edição do Projeto ‘Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada’

Do Jornal do Brasil

Do dia 21 a 25 de outubro, o Teatro Dulcina, será palco da série ‘Melanina in Solos’, que reúne cinco peças compostas por um único ator: ‘Âmesa’, ‘Sete Ventos’, ‘O Subterrâneo Jogo do Espírito’, ‘Cartografia do Abismo’ e ‘Casa de Ferro’.

Os espetáculos têm temas que vão desde a vida do músico e ativista político Fela Kuti, até a mitologia de Iansã. Os textos fazem parte da 3ª edição do projeto ‘Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada’, idealizado por Aldri Anunciação. “O objetivo é dar visibilidade aos dramaturgos negros e sua diversidade temática, mas o objetivo final é propiciar o encontro de etnias e com isso a construção de uma cena e mundo melhores”, afirma Aldri.

Confira a programação

‘Amêsa’: 21 de outubro, quarta-feira, 19h

‘Amêsa’ é uma vivência que tem como provocação base o texto do dramaturgo angolano José Mena Abrantes, intitulado ‘Amêsa ou a canção do desespero’. De forma poética, a vivência conta um século da história de Angola pela perspectiva do feminino. A memória da personagem Amêsa, com suas perdas e dores, leva para o palco símbolos essenciais da mitologia da mulher, ao mesmo tempo em que representa questões de um coletivo atingido pela guerra. O espetáculo é interpretado por Heloísa Jorge, atriz natural de Angola, radicada no Brasil desde os 12 anos. Filha de pai brasileiro e mãe angolana, a atriz graduou-se em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. O espetáculo tem na trilha sonora, músicas do angolano Wyza Kendy. ‘Amêsa’ estreou em Salvador em novembro de 2008, sendo apresentado em  curtas temporadas ao longo de quase sete anos. A peça foi apresentada em festivais de diferentes estados do Brasil e teve uma temporada com oito apresentações em Luanda/Angola, em parceria com o grupo angolano Elinga Teatro. Além disso, foi o espetáculo de abertura do V Festlip (Festival de Teatro da Língua portuguesa), em 2013, no Rio de Janeiro, edição que homenageou o dramaturgo angolano José Mena Abrantes.

‘O subterrâneo jogo do espírito’: 22 de outubro, quinta-feira, 19h

melanina-in-solos-reune-pecas-compostas-por-apenas-um-ator-serie-faz-par_1
‘Melanina in Solos’ reúne peças compostas por apenas um ator. Série faz parte da 3ª edição do Projeto ‘Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada’. ‘O subterrâneo jogo do espírito’ é a segunda apresentação da série.

Com direção, interpretação e dramaturgia de Rodrigo dos Santos, ‘O subterrâneo jogo do espírito’ inspira-se livremente em passagens da vida de Fela Kuti, músico e ativista político que viveu entre 1938 e 1997. Este foi o tempo suficiente para criar um movimento cultural de repercussão planetária e um novo gênero musical, o ‘Afrobeat’. Cantor, compositor, trompetista, saxofonista e tecladista, Fela Kuti combateu os abusos da ditadura militar em seu país usando, como arma, sua música – uma combinação de ritmos afro-americanos como o soul, o funk e o jazz, e elementos musicais tradicionais da Nigéria. A trama tem início no retorno de Fela Kuti à Nigéria depois de longa turnê pelos Estados Unidos, munido de uma nova consciência política sob a influência do pensamento dos Panteras Negras e da biografia de Malcom X. Numa relação direta com o público, que se torna parte integrante na realização do espetáculo, Rodrigo dos Santos explora os temas que foram objeto da crítica e do louvor de Fela ao longo de sua vida: a política do governo nigeriano e das das multinacionais, o imperialismo, a corrupção, a religião, as culturas tradicionais, a morte, a música, o Afrobeat,o Pan-africanismo e negritude, e seu país. Fela Kuti nasceu em Abeokuta, capital do estado nigeriano de Ogun, e morreu em Lagos, a menos de cem quilômetros de sua cidade natal.

‘Sete ventos’: 23 de outubro, sexta-feira, 19h

‘Sete Ventos’ é um monólogo baseado em depoimentos de mulheres negras e na mitologia de Iansã. O texto conta a história de Bárbara, escritora negra, filha de Iansã, que junto ao público conta e revive as histórias das mulheres que a influenciaram. Ela expõe suas dúvidas e o seu processo de crescimento baseado em uma educação que sempre privilegiou a referência à sua ancestralidade. São sete mulheres, sete qualidades de Iansã. O encontro da personagem com Iansã é o momento máximo de sua história. Há também música e dança. O espetáculo é o resultado da pesquisa da atriz Débora Almeida sobre os elementos simbólicos e performáticos existentes no mito de Iansã e sua utilização na Linguagem Teatral. Baseia-se nas reflexões da artista sobre o universo feminino negro e utiliza-se de depoimentos e relatos de mulheres negras entrevistadas e pesquisadas pela atriz. A figura da atriz funciona como a figura do “griot”, personalidade tradicional da oralidade africana, símbolo dos que contam contos, nas sociedades africanas, depositários de histórias, de testemunhos ou tradições.

‘Cartografia do abismo’: 24 de outubro, sábado, 19h

Através da abordagem de textos de Antonin Artaud e de depoimentos pessoais do ator, o dramaturgo e diretor Luiz Alonso constrói uma ação cênica que propõe uma investigação dos espaços de fronteira entre os duplos loucura/lucidez, ficção/realidade, linguagem/vida, provocando um constante questionamento sobre a matéria do discurso em nossos papéis artísticos, sociais e éticos. Este espetáculo intervém espaços desconstruídos, em construção ou abandonados, zelando pelo diálogo entre o asséptico do que é vivenciado e a poeira, o sujo, o opressor do que está em volta; diálogo este que gera um discurso parabólico com a sociedade atual na procura de uma limpeza radical das estruturas existentes no meio da desordem que atinge o ser humano, célula primária de qualquer estrutura social.

‘Casa de ferro’: 25 de outubro, domingo, 19h

O espetáculo traz como temática a diáspora africana, representando passagens como: o nascimento, a raiz (Terra Mãe), a captura, a travessia, o cativeiro, a evangelização, a resistência, o castigo, a morte e a transcendência metafísica. Expondo o desenraizamento do povo africano e de sua cultura, passando pelo processo de dominação forçada e a posterior transcendência no âmbito mítico-ritualístico, mostrando assim, a força desses seres humanos que encontraram, na sua identidade ancestral, o poder para lutar e propagar sua cultura. O intérprete traz como foco do trabalho o estado de pré-transe, personificando sentimentos nos arquétipos da mãe, do homem, da criança, da divindade sendo este corpo-sonoro que traz a dramaturgia do espetáculo e as nuances da encenação. Além das manifestações populares, busca-se introduzir para uma maior possibilidade cênica, instrumentos musicais e técnicas circenses como uma extensão corporal.

Ficha técnica da ocupação

Idealização: Melanina Acentuada Produções Artísticas ME

Coordenação Geral: Aldri Anunciação

Coordenação de Oficinas:  Leonel Henckes

Coordenação de Leituras Dramáticas e Encontro com o Dramaturgo: Aldri Anunciação e Leonel Henckes

Coordenação do Seminário Internacional Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada: Aldri Anunciação e Leonel Henckes

Produção Executiva: Kennia Orseti

Direção de Palco: Thatielly Pereira

Contabilidade e Gestão Financeira: Cardim Projetos e Soluções Integradas

Assessoria de Imprensa: BriefCom

Projeto Gráfico: Autor Visual – Design Gráfico

Serviço: ‘Nova Dramaturgia da melanina Acentuada’

Local: Teatro Dulcina – Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro

Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 (espetáculos adulto) e R$ 10,00 e R$ 5,00 (espetáculos infantis)

Mais informações: (21) 2240-4879

-+=
Sair da versão mobile