Membros do Neab Viçosa – MG participam de ensaio fotográfico como forma de intervenção contra o racismo e as diversas opressões sofridas por jovens negros/as.

Membros do Neab Viçosa – MG participam de ensaio fotográfico como forma de intervenção contra o racismo e as diversas opressões sofridas por jovens negros/as.

Por Mirts Sants via Guest Post para o Portal Geledés 

A proposta de trabalho é do Bailarino do Grupo Êxtase de DançaJoão Petronillo, monitor de dança da UFV que idealizou a “ação performática” intitulada pelo mesmo de “Voz”.

“É de grande importância que nós pretos estejamos presentes para dar “Voz” a nossa história diária. É a luta que transborda em arte” disse João em sua timeline convocando os estudantes e o público para a intervenção.

Essa iniciativa muito nos orgulha, pois sabemos que os corpos negros não apenas ocupam a academia e os espaços públicos, mas também transformam e reivindicam seus direitos.

13432166_1006832276074064_225984361144974343_n

Segue abaixo texto original do autor da intervenção

TÍTULO: VOZ
AUTOR: João Petronillo

DESCRIÇÃO CONCEITUAL: O Racismo vem sendo uma problemática desde os tempos da escravidão e este comportamento opressor esta entranhado de forma velada na estrutura social brasileira. Os relatos de pessoas oprimidas são de que os ataques racistas acontecem ainda na primeira infância, seja no seio familiar ou a partir do primeiro contato escolar. Expressões de cunho pejorativos como “macaco”, “cabelo de bombril” e outros, estão presentes no cotidiano de pessoas negras afetando a autoestima e o desenvolvimento intelectual dos mesmos. Deste modo o sujeito oprimido cresce com a imagem destorcida de papeis e lugares que devem ocupar na sociedade que é reforçada pela ausência de representatividade em cargos de poder público, docência universitária e nas mídias em geral.

Na audiência pública para debater o relatório da anistia internacional, Ana Janaina Alves de Souza especialista da Secretaria Nacional da Juventude, pela CDH (comissão de direitos humanos) discorreu sobre o plano “Juventude Viva” que tem com enfoque tratar de assuntos relacionados a vulnerabilidade da juventude negra no Brasil.

Ao longo da audiência evidencias de dados que revelam o reflexo do racismo estrutural que se instalam em nosso pais foram apresentados. Segundo os dados de CDH; 27 % da população brasileira é jovem, sendo que 53,7% se declaram pretos e pardos. No ano de 2012 houveram 56,337 homicídios, destes 30.072 eram jovens entre 15 a 29 anos totalizando 53%. Deste total 71,5 % eram negros.

Com estas e outras informações fica evidenciado como o processo opressor do racismo reflete até os dias atuais no corpo negro; Genocídio, falta de representatividade, objetificação do corpo pela indústria pornográfica e mídia, falta de representatividade e outras questões. Tal constatação, tem despertado para produções literárias, artísticas e seminários com abordagem na problemática da exclusão e opressão.

Neste enfoque se propõe a performance “Voz”, a qual dará visibilidade ao oprimido partindo de memórias geradas pelo opressor. O trabalho é inspirado em várias ações oriundas do ativismo negro presente nas universidades de todo pais, tendo alcançado as redes sociais em 2014, levantando questões para conscientização do jovem negro nas universidades.

DESCRIÇÃO FACTUAL: Essa performance busca ser um meio de tornar visível a opressão sofrida longo da vida do sujeito oprimido, externalizada através da escrita em lousa que ficara disponível para livre expressão do consultado.

MATERIAIS UTILIZADOS: Lousa, giz, apagador.
DURAÇÃO: Indeterminada

FOTÓGRAFO: Bruno Monteiro

Confira o ensaio completo em: Álbum do facebook

-+=
Sair da versão mobile