Memórias da escravidão e da liberdade: Patrimônio e antirracismo

Jornada promovida pela Rede de Historiadorxs Negrxs debate monumentos, memória e patrimonialização do racismo, nos dias 05 e 06 de setembro de 2021

FONTEEnviado por Rede de Historiadorxs Negrxs
Jornada Memórias da Escravidão e da Liberdade_patrimônio e antirracismo (Imagem: Itan Cruz)

Em 23 de agosto celebrou-se mundialmente o Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição. Essa data foi instituída em 1998 pela UNESCO em memória do aniversário da Revolução Haitiana, iniciada em 1791, quando a luta dos escravizados haitianos pôs fim à escravidão negra naquela ilha. Essa data também chama a atenção aos debates pela memória da escravidão e da liberdade em diferentes partes das Américas.

Essa discussão ganhou novos holofotes em 2020, quando estátuas de traficantes de africanos escravizados e agentes do Colonialismo na África foram derrubadas em diferentes partes do mundo. Esse movimento também alcançou o Brasil, o país que mais importou africanos escravizados durante a era do tráfico negreiro. Foram quase cinco milhões de homens, mulheres e crianças trazidos à força para o Brasil ao longo de 300 anos de tráfico.

Em vista da importância desse debate, a Rede de Historiadoras Negras e Historiadores Negros e o Projeto Salvador Escravista realizarão nos dias 05 e 06 de setembro a Jornada “Memórias da Escravidão e da Liberdade: patrimônio e antirracismo”.

Esta Jornada foi idealizada após o recente incêndio na estátua de Borba Gato, em São Paulo. A comoção causada pelo ato e as respostas do Estado à ação dos manifestantes, com as prisões arbitrárias de Géssica Barbosa e Paulo Galo, reacendeu o debate sobre a relação entre monumentos, memória e patrimonialização do racismo e de homenagens a personagens racistas.

As ruas das principais cidades brasileiras continuam a homenagear personagens que participaram de diferentes maneiras do processo de escravização de populações indígenas e africanas. A constituição dessas homenagens como patrimônio cultural dos centros urbanos revela como os poderes públicos lidam com as memórias da escravidão e como o racismo está arraigado no interior da sociedade brasileira. Convocados pela urgência do debate, historiadores/as têm um papel importante para nos ajudar a pensar as formas variadas pelas quais o passado é utilizado, significado e simbolizado, e as modalidades segundo as quais ele funciona no presente e para o presente.

Sendo a temática relacionada às memórias da escravidão, historiadorxs negrxs, que vivenciam a experiência de serem negras e negros numa sociedade marcadamente racista, tem algo a dizer sobre o assunto. Assim, cabe perguntar: como são lembrados o tráfico transatlântico de africanos, a escravidão e sua abolição e as experiências de liberdade da população negra no Brasil?

A necessidade de uma memória que remonte, o mais amplamente possível, o enigma do passado, sem que partes continuem a serem ignoradas ou silenciadas, não é uma demanda própria de um país ou de uma coletividade específica; pelo contrário, essa demanda atravessa diversos países que compartilham os impactos da longa história de escravidão, racismo e outras formas de opressão. No caso da população negra do Brasil, as políticas de memórias podem e devem converter-se em estratégias para reconhecimento, afirmação, combate ao racismo e às profundas desigualdades da sociedade brasileira.

Em sintonia com esse propósito, o evento reunirá historiadoras negras e historiadores negros que comunicarão suas pesquisas e percepções sobre o tema.

Por meio desta Jornada, as/os historiadorxs negrxs reafirmam sua existência frente a premissas epistêmicas balizadas pelo racismo que ignoram a intelectualidade negra nos debates sobre o passado colonial, as memórias da escravidão e da liberdade.

“Escrevemos nossas histórias a punho próprio, contrariando narrativas que tentam ocultar nossos protagonismos, nossas histórias, lutas, vozes e produções. Existimos e Resistiremos.”

A transmissão da Jornada ocorrerá simultaneamente no perfil do Facebook no canal do Youtube da Rede de Historiadorxs Negrxs. Confira a Programação abaixo.

Sobre a Rede de Historiadoras e Historiadores Negras/os

A Rede Nacional de Historiadas e Historiadores Negras/os é integrada por pesquisadoras/es de diversas regiões do país. Formada há 06 anos, protagoniza ações coletivas de divulgação de pesquisas e práticas de ensino antirracista de História.

Contatos

Rede de Historiadorxs Negxs 

E-mail: historiadorxsnegrxs@gmail.com / Instagram: @historiadorxsnegrxs

Organização do Evento

Historiadorxs: Carlos Silva Jr (71 99414-7291), Josemeire Alves (31 98602 9592) Francisco Phelipe Cunha Paz (61 99939-9219)

::SERVIÇO::

Jornada MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO E DA LIBERDADE: PATRIMÔNIO E ANTIRRACISMO | Rede de Historiadoras e Historiadores Negrxs/ Salvador Escravista

Quando: 05 e 06/09/2021, mesas às 17h e às 19h (veja Programação abaixo)

Link para inscrições (haverá emissão de Certificados para Ouvintes que obtiverem o mínimo de 75% de presença): https://forms.gle/tkGfw5PCR7CtmJMu6

Transmissão: YouTube/Historiadorxs Negrxs

Programação:

Domingo, 05/09/21, 19h 

MESA 1 – Memórias da escravidão e da liberdade: história pública e patrimonialização 

O objetivo desta mesa é apresentar as formas pelas quais o tráfico transatlântico de africanos, a escravidão e a liberdade são lembrados no Brasil. Além disso, pretende-se abordar os processos de patrimonialização e as disputas públicas em torno dessas memórias e de como as populações negras e os movimentos sociais negros têm construído, ao longo tempo, uma relação com esse passado na luta por reconhecimento, afirmação e combate ao racismo e à desigualdade. 

CONVIDADES: 

Profa. Mônica Lima (UFRJ)

Profa. Giovana de Carvalho Castro (UFJF) 

Prof. Francisco Phelipe Cunha Paz (ABE-África) 

MEDIAÇÃO: Prof. Carlos da Silva Jr (UEFS) 

Link: https://www.youtube.com/watch?v=geL6TbyHc9Q 

Segunda-feira, 06/09/21, 17h 

MESA 2 – Memórias da Escravidão: as disputas de narrativa e os usos do passado 

O propósito desta mesa é trazer ao debate elementos que contribuam para aprofundar a compreensão sobre a produção e usos de memórias, em especial sobre as memórias da escravidão, tendo por foco perspectivas afro centradas de pesquisa e a atuação pública dos movimentos sociais e da intelectualidade negra.

CONVIDADES: 

Profa. Nila Rodrigues Barbosa (Patrimônio e Etnicidade) 

Prof. Mairton Celestino (UFPI)

Prof. Antonio Evaldo Almeida Barros (UFMA/UEMA)

MEDIAÇÃO: Prof. Francisco Phelipe Cunha Paz (ABE-África)

Link: https://www.youtube.com/watch?v=Z_gPhwYPP3g 

Segunda-feira, 06/09/21,19h 

MESA 3 – Cidades Negras, História Pública, Memória e Antirracismo

Nesta mesa serão apresentadas experiências que articulam pesquisa e história pública, tendo por foco as experiências negras nas cidades bem como a produção de silenciamentos por meio de processos de patrimonialização. Os mesmos processos que, em diferentes regiões do país, elegem homenagear personagens que protagonizaram a perpetuação da experiência escravista e no passado e cuja valorização unívoca, no presente, segue alimentando e representando as bases do racismo estrutural.

CONVIDADES:

Profa. Josemeire Alves Pereira (FLACSO)

Prof. Carlos da Silva Jr (UEFS)

Jornalista Guilherme Soares Dias (Projeto Caminhada São Paulo Cidade Negra)

MEDIAÇÃO: Profa. Maria Emília Vasconcelos (UFRPE)Link: https://www.youtube.com/watch?v=UsPof_yp5kk

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE. 

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