A mensagem por trás do novo comercial da Nike protagonizado por Colin Kaepernick

Foto: Reprodução/Nike Instagram

Estrelas da Nike protagonizam comercial comemorativo do slogan Just Do It

por LARISSA DAIM no Vavel

Foto: Reprodução/Nike Instagram

Saiu nesta quarta (05) o vídeo comemoração dos 30 anos do slogan Just Do It da Nike. Poderia ser qualquer comercial comemorativo, mas a ressignificação da motivação usada em todos os outros comerciais é especial. O vídeo tem um minuto de duração, com um texto forte sobre acreditar nos ideais “mesmo que isso signifique sacrificar tudo”, e Colin Kaepernick – ex quarterback do San Francisco 49ers, narrando.

O motivo é muito maior do que se imagina. A história por trás ultrapassa os limites do campo e passa a ser uma questão cultural do país conhecido como defensor da liberdade de expressão. Kaepernick, enquanto jogava nos 49ers, começou a se ajoelhar durante a execução do hino nacional antes das partidas começarem. Iniciou o processo durante a pré-temporada de 2016 após a eleição do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O ato era uma forma de protestar contra o tratamento que pessoas negras recebiam no país.

Outros jogadores passaram a usar o mesmo gesto para expressarem suas insatisfações com a situação cada vez mais grave depois de tantas violências policiais e declarações racistas do recém-eleito presidente. Até que o simples ato de Kaepernick tomou uma repercussão fora do campo. À época, Trump se manifestou no Twitter sobre boicotar a NFL (sugerindo que os torcedores abandonassem as idas aos estádios) e demitir seus jogadores que se “atravessem” a protestar, alegando ser uma falta de respeito com a bandeira do país. Tudo piorou. Alguns jogadores sequer compareceram à cerimônia do hino, cantores também fizeram o mesmo e até levantaram o punho.

É mais do que football, é cultural. Surgiram debates entre acadêmicos, jornalistas e outros formadores de opiniões sobre a interpretação da letra do hino nacional que supostamente sugeria racismo e escravidão. Não somente isso, Kaepernick desmascarou aqueles que tentavam cobrir a tensão racial nos Estados Unidos, a falta de segurança pública (visto que um dos maiores motivos do protesto é o tratamento da polícia para com os negros) e a falta de representatividade de jogadores negros no esporte.

Acreditar nos ideais custou caro ao jovem jogador. A NFL presa pelo comportamento extracampo de um atleta somando com o talento dentro dele. Atualmente Kaepernick está sem contrato e sendo praticamente ignorado pelas franquias, e acredite, algumas delas poderiam/pagariam (para) tê-lo no elenco. Mesmo assim deu as caras com sua causa no comercial da empresa distribuidora oficial dos produtos da Liga.

A valorização de um sacrifício: Nike e Kaepernick

Após o anúncio de campanha, a Nike passou a sofrer boicotes com pessoas queimando e rasgando produtos da marca, suas ações caíram em 2% e ainda foram protagonistas das reclamações de Donald Trump no Twitter que falou sobre a “terrível mensagem” que o comercial oferece.

A NFL por sua vez demonstrou ter dado o aval para a campanha rolar após a declaração do porta-voz, Jocelyn Moore, dizendo que “as questões de justiça social que Colin e outros atletas profissionais defendem merecem nossa atenção e ação”. Muitos ativistas foram contrários aos sentimentos da liga e apesar de apoiarem a causa de Kaepernick antes repudiaram a atitude da Nike. Outros foram a favor da mensagem e significados impostos de uma só vez no comercial.

O vídeo vai ao ar amanhã (06) durante o intervalo da transmissão de Eagles @ Falcons no jogo que abrirá a temporada regular da NFL. Assista agora, na íntegra:

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