Minas Gerais tem o maior número de pessoas submetidas ao trabalho análogo à escravidão. Só em agosto, dos 532 trabalhadores resgatados no país, 204 estavam em terras mineiras, o que representa um total de 40%. Os dados são do Ministério Público do Trabalho (MPT) e foram divulgados nesta quarta-feira (6).
Segundo a pasta, durante a Operação Resgate III, mais de 70 equipes de fiscalização participaram de 222 inspeções em 22 estados e no Distrito Federal. Foi constatado que cinco estados concentraram quase 90% desses resgates realizados em agosto, com Minas e Goiás no topo da lista. Em terceiro lugar está São Paulo (veja lista abaixo).
Em MG, foram encontradas ilegalidades em áreas rurais e também urbanas. Dos resgatados, 97 estavam em lavouras de café, em oito municípios do estado. São eles: Itamogi, Cabo Verde Silvianópolis, Santa Rita do Itueto, Pratinha, Santa Rita do Sapucaí, São Pedro da União e Muzambinho.
Outras 97 trabalhavam descascando alho em Rio Paranaíba, na Região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Em Tapiraí, no Centro-Oeste de Minas, foram resgatadas 7 pessoas na produção de carvão. Já em Belo Horizonte, foram resgatadas duas pessoas na criação de animais e uma no trabalho doméstico.
De acordo com o MPT, os resgatados tiveram os custos trabalhistas regularizados e voltaram para seus locais de origem. Já os empregadores devem responder a processos judiciais e terão os nomes na lista suja do Ministério do Trabalho.
O que caracteriza o trabalho escravo?
Segundo Cynthia Saldanha, auditora fiscal do trabalho, o trabalho análogo à escravidão é definido pelo artigo 194 do Código Penal. Ele é caracterizado por:
- submissão de alguém a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva;
- condições degradantes de trabalho;
- cerceamento do uso de meios de transporte;
- servidão por dívidas;
- restrição de locomoção;
- vigilância ostensiva;
- apoderamento de documentos ou objetos pessoais.
Como denunciar?
- Casos de trabalho análogo à escravidão podem ser denunciados por meio do Disque Direitos Humanos, ligando no número 100.
- As denúncias também podem ser feitas pelo site do Sistema Ipê. O denunciante não precisa se identificar.