‘Minha cor era problema no mundo da moda’, diz ex-modelo carioca

FONTEPOR EMILIANO URBIM, do O Globo 
RG - Domingo com Ela - Luana Genót - modelo e presidente da ONG Instituto ID_BR / crédito: Mario Epanya - Divulgação - MARIO EPANYA / Divulgação

Luana Génot foi alvo de preconceito dentro e fora das passarelas por ser negra. Largou a carreira, foi estudar nos EUA e na volta, ela criou o o Instituto Identidades do Brasil, o ID_BR, dedicado a promover a diversidade em todos os setores. No papo abaixo, ela fala sobre preconceito, roteiros cariocas e dietas para dois – e agora, para três.

Domingo é dia de quê?

Curto mostrar a cidade para meu marido (o jornalista francês Louis Génot). Às vezes, saímos do Flamengo para visitar minha mãe na Penha, depois vamos à igreja no Jacarepaguá (onde viveram) e voltamos, tudo de transporte público. No último sábado, fomos ao zoológico. E curtimos correr no Aterro e nadar numa academia perto de casa.

Dizem que é mais fácil manter a forma quando o casal faz exercício junto.

Se deixar, a gente sai da linha. A dieta está na geladeira, mas comprar aquelas coisas todas e seguir é mais complicado. Às vezes, dá preguiça, e a pizza vence o arroz integral.

Quando era modelo, mantinha o peso?

Sim. Eu era o clichê da adolescente zoada no colégio por ser muito alta e magra. Meu “problema” no mundo da moda era outro: minha cor.

Houve algum episódio específico?

Lembro de uma seleção em que passaram cem garotas na minha frente. No final, o booker me chamou: “Vou te dar uma real. Você é muito bonita, mas tem um problema. Você é negra.”

Qual foi sua resposta?

Larguei a carreira. Mas entrei no curso de Publicidade na PUC-Rio. Em 2012, ganhei bolsa para estudar temas de marketing e raça nos EUA, fui voluntária na reeleição do Obama. Na volta, criei o Instituto Identidades do Brasil, o ID_BR, para promover diversidade.

Qual o foco do ID_BR?

Trabalhamos principalmente com empresas que querem contratar mais minorias. Às vezes, a cultura interna trava o processo, e ajudamos a modificá-la com cursos e palestras. Nesta quinta-feira, vamos realizar em São Paulo o II Fórum Sim à Igualdade Racial, com vários executivos negros. São exemplos que a gente precisa divulgar, para que se repitam.

Quem foi o seu exemplo?

Minha mãe, Ana, uma enfermeira que, mesmo sem recursos, me apoiou quando decidi deixar de ser modelo. Ela me deu tudo. E agora vai ganhar um neto! Estou com quatro meses. Será Hugo, se for menino, ou Alice, se for menina.

Parabéns! Poxa, dá pra relaxar na dieta.

Não, agora que preciso cuidar. Pela saúde do baby e para não virar uma bola.

-+=
Sair da versão mobile