Ministra Anielle Franco fala sobre racismo em cargos públicos e defende mulher negra no STF: ‘Ia ser histórico’

Anielle Franco participou nesta quinta-feira (29) do18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.

FONTEPor Paola Patriarca e Camila Quaresma, do g1
Ministra Anielle em evento em São Paulo (Foto: Paola Patriarca/g1)

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta quinta-feira (29), em São Paulo, que ainda é preciso lutar contra o racismo na política e, para isso, é preciso incentivar que mais pessoas negras ocupem cargos públicos.

Anielle ressaltou também que continua defendendo que seria histórico o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomear uma mulher negra no Supremo Tribunal Federal (STF).

“Com racismo não há democracia. A humanização, empatia, a gente perdeu. Abrimos margem para um ódio legítimo, para falta de respeito, ataques. Enquanto estiver nesse lugar, vou defender memória da minha irmã Marielle. Não dá para fazer política sem os nossos corpos estarem lá. Precisamos parar de criminalizar quem veio das favelas. A favela pode formar deputados, vereadores, jornalistas e ministras como eu”.

“Sobre mulher negra no STF, vamos continuar com esse posicionamento. Sempre que possível levar ao presidente nossa opinião, a nossa posição. Iria ser histórico se o Lula indicasse e a gente está contando com isso, vamos ver.”

A fala ocorreu durante participação no 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na faculdade ESPM.

A ministra também ressaltou sobre o Ministério da Igualdade Social combater fake news racistas.

“Pensar ações para combater fake news no Brasil atual não é matéria fácil. Falei que estou para dialogar, mas falar com respeito e empatia. Quando assassinaram minha irmã, eu estava em casa e fui até o local do crime. Quando eu voltei recebi a primeira fake news da Marielle. Uma foto que apontava que ela tinha relação com traficante.

“Aquilo era algo bem arquitetado. Aquilo atingiu a minha família. Perdi emprego em três escolas e um pai cuspiu em mim falando que era de família de traficante. A Marielle é uma vítima de violência política. Tentaram matar o corpo e a memória, tudo que ela defendia. “, afirmou.

Indicação ao STF

No começo de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou o advogado Cristiano Zanin, que fez sua defesa durante a Operação Lava Jato, para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Ricardo Lewandowski no STF.

Parte dos aliados do petista criticaram a indicação por não promover diversidade na Corte. Com a aprovação de Zanin, no campo de gênero, por exemplo, a Corte seguirá com somente duas mulheres, Rosa Weber e Cármen Lúcia.

Antes delas, também ocupou uma cadeira a ministra Ellen Gracie. Nunca houve uma ministra negra.

Lula deverá fazer mais uma indicação ainda este ano. Rosa, que completará 75 anos no próximo dia 2 de outubro, terá de se aposentar. As articulações pelo substituto já começaram.

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