Modelo Londone Myers fala sobre racismo durante backstage

Ela relatou uma triste experiência durante a semana de moda de Paris.

Do Elle

Instagram/Divulgação

Os relatos de racismo tanto nas passarelas quanto nos backstages de moda não são novidade no circuito fashion. Quem conta o desapontador novo episódio é a modelo Londone Myers, que usou o Instagram para dar visibilidade a seu relato.

Em um post de time-lapse, a modelo está sentada durante um backstage de um desfile aguardando a preparação de seu cablo. Atrás dela, a gravação exibe grupos de modelos brancas tendo fios cuidados. Durante todo o vídeo ela fica esperando, praticamente esquecida pelos cabeleireiros ao redor. Na legenda, ela afirma: “eu não preciso de tratamento especial de ninguém. O que eu preciso é que hairstylists aprendam a cuidar do cabelo de pessoas negras. Estou cansada de ter meu cabelo evitado durante os backstages. Como se atrevem a me enviar para a passarela sem cuidados? Todos sabem que se isso acontecesse com uma modelo branca, a equipe não seria chamada novamente. Se uma pessoa não se pronuncia, todos perdem. Se não for com o meu cabelo afro, provavelmente é com o seu.”

Em entrevista a um veículo norte-americano, ela conta que não recebeu nenhuma explicação sobre o acontecido. “Não existe confronto possível com a equipe. Eu não vou acabar com eles, mas é que eles ainda não sabem o que fazer com cabelo natural. Eu perguntei por todo o backstage quem cuidaria do meu cabelo, até que eles me sentaram na cadeira de alguém que tentou me enviar para a passarela com o cabelo mal feito, assim como aconteceu com outras garotas negras.”

A situação exibe um grande problema da moda atual. Por um lado, os casting estão ficando mais diversos, e com o reconhecimento da necessidade de representação de pessoas negras na mídias, as passarelas e editoriais parecem finalmente estar sendo um espaço mais justo para as modelos. O problema é que as equipes e todo o sistema fashion estão descompassados e não estão preparados para a mudança. A transição o mais rápido possível para que as modelos tenham uma experiência de trabalho justa e tranquila. O choque entre esses dois momentos é tanto que a marca de beleza de Rihanna causou furor durante seu lançamento, principalmente porque não existia nenhuma outra marca de beleza cool que tivesse também tanta diversidade para as diversas nuances das peles negras.

Em um post agradecendo o apoio que recebeu nas redes, ela exibe a importância de falar sobre o caso: “Eu não consigo imaginar o que seria trabalhar hoje se Naomi, Tyra, Bethann e até mesmo Iman tivessem tido medo de perder desfiles se não falassem. Nós nascemos sem [conseguir] esses desfiles e vamos morrer sem desfilá-los. Nós mulheres negras precisamos mais de umas e das outras do que precisamos da moda.”

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