Modelo transex Camila Ribeiro estreia no SPFW: ‘Brasil é preconceituoso’

Aos 21 anos, top faz desabafo sobre as minorias: ‘É triste quando a marca não enxerga a mulher dele em mim”

Por Cristiane Rodrigues Do Globo 

Após trabalhar para grife Givenchy em Paris, a modelo transexual Camila Ribeiro, de 21 anos, foi escalada para ser um dos destaques na passarela de Ronaldo Fraga na noite desta segunda-feira, 25, no SPFW.

“Trabalhar lá fora foi importante porque me deu segurança. O mercado internacional é muito mais maduro e menos preconceituoso. Fiquei com pé atrás quando me chamaram para ser modelo. Aqui no Brasil a beleza é muito eurocêntrico, mulheres brancas, loiras e de olhos claros. Esse é o padrão de beleza aqui apesar de termos muitos negros. Eu fiquei surpresa de me convidarem.

Acho que a minha beleza é das minorias. Estamos vivendo um momento de catarse e acho que a mudança vai vir depois. A mulher negra e a transexualidade ainda sofrem. São poucos trabalhos. Lá fora, somos mais aceitas, e o mercado é bem menos preconceituoso”, reclamou ela, que fica triste quando um estilista não vê a mulher de sua marca em seu corpo.

“O Brasil é o país que mais mata transexuais. É difícil! As pessoas só querem saber se você fez cirurgia e isso não interessa a ninguém. As pessoas não querem saber se você está bem. É muito sensacionalista! Eu sempre tive apoio dos meus pais e sou muito feliz. As pessoas são desinformadas e ignorantes ou apenas más porque querem sempre polemizar. Eu sou um ser humano, com sentimentos e histórias”, resumiu ela, antes de entrar na passarela.

Claro, o nervosismo de estreia é normal. “Estou mais nervosa aqui do que em Paris. Deve ser porque tem mais gente conhecida”, brincou ela.

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