Mulheres contam como se livraram da chapinha e aprenderam a amar os cachos

O “orgulho cacheado” ganhou força nos últimos anos. Além de uma movimentação social no que se refere à valorização das características naturais das mulheres, produtos específicos para cabelo crespo têm crescido no mercado e auxiliado nos cuidados. Antes escravas da chapinha, escova e química, elas passaram a assumir o look sem medo em um processo de mudança que, ainda que prazeroso por se ver livre de padrões incabíveis, um pouco trabalhoso. OUOL Beleza ouviu oito mulheres que viveram a dor e a delícia de recuperar a forma original dos fios. Leia os depoimentos a seguir:

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Foto: Arquivo pessoal

Talita Vieira, 22 anos

O amor pelos cachos é tamanho que a bailarina faz até um “cronograma capilar”, com receitas caseiras em períodos determinados. “Já passei por alisamento, mas tive um corte químico terrível e em 2008 decidi assumir”, conta. “Faz uma diferença enorme voltar ao cacheado e é minha identidade, não uma modinha”, diz.
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Foto: Arquivo pessoal

Ster Nascimento, 22 anos

A estudante de Publicidade e Propaganda alisou o cabelo dos 13 aos 19 anos. “Comecei querendo apenas ‘abaixar o volume da raiz’ e acabou virando um círculo vicioso”, diz. Foram duas tentativas de voltar ao cacheado natural: uma em 2010, devido a um corte para retirar a química dos fios, e outra em 2013, quando Ster livrou-se também da chapinha. “Não vou dizer que foi fácil, porque realmente, é um processo lento e doloroso. Mas sem sombra de dúvida, foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida. Entenda a transição capilar como algo que não vai mudar somente seu cabelo, mas também a forma que você se vê e vê as coisas ao seu redor”, complementa.
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Foto: Arquivo pessoal

Natacha Oliveira, 23 anos

Autoestima e tempo também foram os grandes motivos para a consultora de estilo largar a progressiva após dois anos de tratamento. “Sentia-me presa. Larguei mão de ser boba e de querer ser igual a todo mundo”, diz. Natacha diz que procurava aceitação ao alisar os cabelos, mas percebeu que era um processo pessoal, não uma resposta para a sociedade. “Hoje sou mega feliz em ter um cabelo tão alto astral”, comemora. Para o difícil processo de transição, ela indica hidratações caseiras e muita “força, fé e foco na cabeleira”.
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Foto: Arquivo pessoal

Luara Tavares, 24 anos

Um secador quebrado motivou a mineira a assumir os cachos: “Após cinco anos de escova e prancha, estava totalmente dependente dele e acabei começando a procurar vídeos na internet para me ajudar com o cabelo enquanto não comprava outro secador”, diz. Luara, então, passou a gostar do visual cacheado: “Comecei a entender que esta é minha identidade. Assumi uma personalidade mais segura”, declara. O surgimento de produtos específicos para o cacheado também ajudou. “Antes dessa onda de assumir seu cabelo era sempre produtos voltados para o liso e como ficar lisa. Começamos a compartilhar experiências e mostrar que, sim, também precisamos de produtos específicos para nosso cabelo. E as marcas entenderam”, afirma a analista de mídias sociais.
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Foto: Arquivo pessoal

Julia Martins, 30 anos

“Na escola, eu recebia apelidos, como cabelo de miojo e cabelo de vassoura. E por não saber lidar com ele, deixava sempre preso com rabo de cavalo ou coque”, conta. Desde criança, Julia tentava domar o cabelo e achava que os fios lisos eram mais apresentáveis. Já adulta, a empresária de Campinas usou a progressiva por dois anos, apesar de odiar escova e chapinha. “Não me reconhecia como uma mulher de cabelo liso, não era eu. Foi então que resolvi voltar ao cabelo natural”. Por conta de tudo o que passou, Julia busca ajudar meninas que sofrem com o mesmo problema através de seu site e de seu canal no Youtube. “Tenho percebido também que o movimento do cabelo natural tem crescido e, com isso, muitas pessoas estão sendo reeducadas e estamos entrando em um período de maior respeito e aceitação. Isso é fantástico”, finaliza..
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Foto: Arquivo pessoal

Fabiola Bonini, 34 anos

Fabiola já fez de tudo no cabelo: tinta, relaxamento e progressiva. O resultado foi queda de cabelo e fios elásticos. Só na gravidez que a analista financeira decidiu largar a química e, aos poucos, recuperar os cachos. “No começo cortei, depois deixei crescer e gostei do resultado”, diz. “Antes levava de três a quatro horas para ajeitar o cabelo. Hoje lavo e deixo secar naturalmente. Não sou mais dependente da chapinha”, afirma.
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Foto: Arquivo pessoal

Enia Bitencourt, 31 anos

“Quando era pequena minha mãe passava alisante pois eu queria muito ter o cabelo liso como algumas amigas ou moças bonitas de novela. Nunca ficou igual”, brinca. Na adolescência, a nutricionista começou a usar relaxamento para abaixar o volume e, mais velha, se rendeu à escova progressiva. Vendo fotos, a mineira percebeu que o cacheado combinava mais com ela e resolveu enfrentar a luta para retirar a progressiva. “Ou você assume quem você é, e descobre a beleza que existe em seu cabelo, ou você escolhe ficar gastando dinheiro e ser escrava de salão para ter o cabelo liso. Eu escolhi ser livre, não prejudicar minha saúde com formol, não ser uma vítima da ditadura das chapinhas e progressivas”, diz.
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Foto: Arquivo pessoal

Cristiane Escolástica, 23 anos

A auxiliar financeira fez progressiva por sete anos. “Fiquei encantada com os resultados iniciais, mas depois comecei a notar as diferenças e danos ao cabelo, como queda”, diz. Ela assumiu os cachos em 2013 por conta da saúde dos fios. “Depois vi que não precisava mais ficar na dependência do cabelo liso, que poderia ser bonita também com o meu cabelo do jeito que ele é”. Hoje, apaixonada pelos cachos, Cristiane diz se sentir mais livre e não só em relação ao cabelo: “Você se redescobre, novos penteados, novas combinações, sendo você mesma. Cabelo bom, é cabelo que nos deixa feliz”, afirma.

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