Mulheres e negros ocupam só 1 a cada 10 vagas de CEOs no Brasil, mostra pesquisa

Estudo do PageGroup e Fundação Dom Cabral aponta que 90% dos CEOs das empresas brasileiras são homens e brancos.

FONTEDo G1
Carreira (Foto: Andrea Piacquadio/Pexels)

O alto comando das empresas brasileiras ainda tem baixa representatividade de mulheres e negros na liderança de suas operações. É o que mostra estudo realizado pela Page Executive, unidade de negócio do PageGroup especializada em recrutamento e seleção de executivos para alta direção, em parceria com a Fundação Dom Cabral.

De acordo com a pesquisa, uma a cada 10 posições de CEO é ocupada por mulheres ou negros – ou seja, 90% dos CEOs das empresas brasileiras são homens brancos.

A pesquisa foi feita no segundo trimestre com 149 CEOs ativos de empresas brasileiras de diversos setores da economia como Indústria, Finanças, Saúde, Tecnologia, Transportes, Engenharia e Arquitetura, Agronegócio, Minas e Energia, Alimentos, entre outros.

Somente 8% dos respondentes da pesquisa são mulheres e 89% dos profissionais se identificaram como brancos. Além disso, os times que trabalham direto com CEOs são, em geral, pequenos e também pouco diversos: 70% deles têm até 20 pessoas. Em 80% dos casos, menos da metade das pessoas que se reportam ao CEO são mulheres.

As CEOs mulheres respondentes da pesquisa têm, em média, 49 anos, sendo a mais jovem com 41 anos e a mais velha com 60 anos. Todas se identificam como brancas e 92% trabalham em empresas com sede na capital paulista. Em média, elas levaram pelo menos 10 anos para se tornar CEO pela primeira vez.

Suas formações acadêmicas são equivalentes às dos CEOs homens, sendo que 38% possuem graduação em Administração de Empresas; 31% em Engenharias e 77% possuem especialização, MBA, mestrado profissional ou outra pós-graduação lato sensu. No entanto, 69% nunca atuaram em uma posição fora do Brasil.

“Apesar de um aumento de mulheres investindo em formações equivalentes às dos homens, o gap de gênero permanece nas taxas de empregos. Barreiras estruturais e vieses culturais contribuem para que isso aconteça dentro das empresas”, diz Maira Campos, diretora executiva da Page Interim, divisão especializada no recrutamento de terceiros e temporários, parte do PageGroup.

Em empresas nas quais as CEOs são mulheres, há uma tendência maior de haver outras mulheres reportando diretamente. A pesquisa aponta que a maioria se tornou CEO da empresa que fundou (38,5%) ou foi indicada internamente (30,8%).

A pesquisa mostra ainda que a pandemia intensificou ainda mais a diferença de gênero nas posições. O ano de 2020 foi marcado pela indicação de homens para o cargo de CEO e, em 2021, de profissionais mais velhos.

A maioria já veio do ecossistema da empresa (58,81%) e os demais foram indicados por headhunters (17,65%) e networking (23,53%).

Trajetória pode ser demorada

De acordo com a percepção da maioria dos CEOs brasileiros respondentes, é possível atingir a posição de forma mais fácil e rápida do que em outros tempos – 61,07% discordam que é impossível atingir a posição de CEO sem mudar de empresa. No entanto, somente 20% dos respondentes conseguiram chegar no cargo trabalhando em apenas uma empresa.

Além disso, 88% dos respondentes trabalharam em até três empresas antes de ser CEOs e 66% deles trabalharam cerca de 20 anos até atingir a posição pela primeira vez.

“Em geral, demora algum tempo para chegar numa posição de CEO por se tratar de uma carreira linear. O profissional passa dois terços da carreira se preparando para isso. Há exceções em determinados setores da economia, configurações de empresa em que o CEO faz parte da família ou é o próprio fundador, além de companhias que crescem muito rápido e dão oportunidade para quem está lá dentro”, comenta Paul Ferreira, diretor do Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral.

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