Elas são lindas, carismáticas e, claro, arrasam quando o assunto é samba no pé. Mas as musas Carmem Mondego, da Imperatriz Leopoldinense, e Bellinha Delfim, da atual campeã Viradouro, além da princesa de bateria Mayara Lima, da Paraíso do Tuiuti, têm mais uma coisa em comum: as beldades roubaram a cena no período de pré-carnaval e caíram no gosto dos súditos do Rei Momo. Foram além: o desempenho delas fez crescer ainda mais o movimento para dar mais visibilidade para as crias das comunidades.
As musas são estreantes no posto este ano. Uma delas, Carmem, de 30 anos, chamou atenção ao substituir a rainha de bateria Iza, a quem considera “maravilhosa”, num dos ensaios. “É sempre uma sensação única (pisar na Sapucaí). Nunca é igual e parece ser sempre a primeira vez. E esse ano aconteceu algo que eu nunca pude imaginar, vir à frente da bateria da minha escola”, conta ela, que desfila na Imperatriz desde que tinha oito anos:
“Demorou um pouquinho, mas o reconhecimento veio. A comunidade abraçou e a escola também. Me esforço muito e fiquei muito feliz. Única musa da comunidade na Imperatriz”, acrescenta ela, que cita ainda que a força para dar seu melhor vem da comunidade.
Carmem, porém, não esconde, além da felicidade, a ansiedade e o nervosismo que tira até o sono antes da estreia. Da mesma forma que está Bellinha, de 24 anos. No pré-carnaval, uma cena dela sendo reverenciada pela torcida da Viradouro fez bastante sucesso na web. “Me senti uma criança realizando um sonho. Esse é o combustível para o desfile”, descreve ela, que também produz os figurinos que usa:
“A gente carrega uma história. Ser musa é representar as meninas da comunidade, que são passistas e esse segmento todo. Ser mais glamurosa, autêntica e mostrar a personalidade com o destaque, tudo em prol da estrela maior, que é o pavilhão”.
Mayara Lima, do Tuiuti, é outra que se destacou muito. Aos 24 anos, ela tem a preferência da torcida e de famosos para o cargo de rainha de bateria, que atualmente é ocupado por Thay Magalhães. A princesa ganhou ainda mais destaque depois que teve um vídeo viralizado na web em que fazia um passo sincronizado com os ritmistas da escola.
“Estar na frente dos ritmistas é um sonho. E eu respeito todas as posições”, afirmou ela, recentemente. Nos bastidores, também veio à tona, neste pré-carnaval, o clima de disputa entre princesa e rainha na agremiação.
Já Carmem e Bellinha não escondem o sonho de, algum dia, ter a oportunidade de usar a coroa à frente dos ritmistas.
“Nunca escondi isso. Uma rainha da comunidade”, comenta a musa da Imperatriz. “Seria hipocrisia dizer que não. É um sonho do segmento (das passistas) ser rainha, madrinha ou princesa de bateria. Se no futuro a Viradouro achar que eu possa, gostaria, sim. Mas agora sou musa e feliz com isso”, afirma Bellinha, antes de descrever Erika Januza, atual rainha da escola, como muito presente e dedicada.
Sobre o assunto, rainha veterana da Beija-Flor Raissa Oliveira opina sobre a importância do destaque para membros da comunidade, mas reitera que o mais importante é a pessoa ter uma ligação com a escola. “Um vídeo que viraliza e exibe uma passista brilhando junto à sua comunidade, é a nosa forma de dizer que esse lugar é nosso. Não estou dizendo que não exista espaço para quem não nasceu numa comunidade. Sabrina Sato, por exemplo, senta no chão para comer sanduíche com o ritmista da bateria que ela representa. O componente precisa se sentir representado.”
Quitéria Chagas, coroada rainha eterna no Império Serrano, ressaltou a importância do envolvimento com a comunidade. Diz que mantém contato direto com ela.” Como diz Arlindo Cruz, (Madureira) é meu lugar. Isso é vida para mim, eu necessito, o ar que eu respiro. Preciso estar com o meu povo”, celebrou ela, antes de chegar ao Rio.