Na madrugada do golpe, certo de que amanhã há de ser outro dia

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Daqui há algumas horas o Brasil viverá uma grave ruptura institucional. A Presidenta Dilma, eleita por mais de 54 milhões de votos, entrará no Senado da República, falará aos Senadores e Senadoras, será interrogada por parlamentares que não reúnem condições de julgá-la, e, ao fim, será condenada por crime que não cometeu sendo afastada do poder por meio de um golpe parlamentar.

Por Felipe Freitas Do Facebook

É triste, muito triste viver este momento. Vim para Brasília há quase quatro anos, atendendo a um convite de Luiza Bairros. Vim para colaborar com o projeto do Partido dos Trabalhadores na Presidência da República. Críticas?! Sempre as tive. Nunca achei que os governos do PT (o meu partido) correspondessem a todas as expectativas que nós depositamos neles, acho que o PT reuniu ao longo de sua história erros e traições muito graves e sei que não é mais possível continuar atuando politicamente sem lançar luzes sobre os medos e desvios da esquerda brasileira. Mas, insisti em dar minha contribuição e nos últimos quatro anos não medi esforços para colaborar com este projeto.

Foram anos de muito trabalho, dedicação, muitas derrotas, mas, de algumas vitórias muito importantes. Infelizmente o resultado final de tudo isso vem de forma muito dramática. Não pela derrota nas urnas, mas, pela força dos poderes que temem dizer o próprio nome: Dilma será cassada, será posta a margem da vida pública e pelo visto o país não sairá nem um pouco melhor de tudo isso.

Irei a Esplanada assistir e protestar contra a cena final deste tráfico circo de horrores que se formou no país. Como venho fazendo desde as primeiras manifestações estarei diante do Congresso Nacional para ver de perto até onde irá a sanha dos golpistas, e, de fato, parece que eles efetivamente não tem limites. Poderei depor para a história contando o que vi. Falarei que vi um presidente interino golpista entrar pela porta dos fundos enquanto a presidenta afastada saía nos braços do povo pela porta da frente, que vi os movimentos sociais posicionarem-se contra o golpe enquanto os empresários se alinhavam com o golpismo, que vi uma bancada de mulheres solidárias à primeira mulher presidenta da república…

A história costuma ser implacável com traidores, golpistas e seus assemelhados, mas, o tempo da história não é o tempo das nossas vontades. De fato, não serei eu que verei a reparação histórica deste momento. Mas, tenho a alegria de viver um tempo e poder falar sabendo que estou falando ao futuro. Que nossos verbos cheguem a outros tempos e alcancem ouvidos atentos que, no futuro, nos farão justiça e reporão a verdade!

Felipe Freitas

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