Não dá para falar de feminismo sem a mulher negra, diz Sueli Carneiro

No podcast, a intelectual e ativista fala sobre a asfixia social que sofrem as negras no Brasil

Por Walter Porto, Da Folha de S.Paulo

Sueli Carneiro -  mulher negra, usando óculo de grau - sentada olhando para frente
Sueli Carneiro, doutora em filosofia da educação e ativista, na Redação da Folha – Zé Carlos Barretta/Folhapress

Doutora em filosofia da educação pela USP, Sueli Carneiro é uma das principais intelectuais brasileiras, com estudo robusto e pioneiro sobre a articulação das questões de raça e gênero no Brasil.

Sueli é a convidada desta quinzena do podcast Ilustríssima Conversa. Ela teve alguns de seus principais textos reunidos pela primeira vez de forma ampla em “Escritos de uma Vida”, livro organizado por Djamila Ribeiro e editado neste ano pela Pólen.

Sueli falou ao podcast sobre a asfixia social que estrangula as mulheres negras no país, discutiu o que mudou ao longo das últimas décadas (e o que permanece igual) e comentou as dificuldades que teve ao empreender pesquisa sobre esse assunto durante sua carreira.

“O feminismo hoje passa necessariamente pelo debate sobre a questão das mulheres negras no Brasil. É impossível tratar do tema da emancipação das mulheres sem tratar da temática negra”, afirma Sueli. “As mulheres negras, por força da exclusão que sofrem, são lideranças do feminismo brasileiro hoje, acredito que inequivocamente, até porque somos o segmento que mais tem a cobrar.”

Além do link acima, a Ilustríssima Conversa pode ser acessada nos principais sites e aplicativos de podcasts, como Stitcher e o Spotify, ou direto pelo app Podcasts, que já vem instalado em iPhones. O ouvinte pode se inscrever e assinar o podcast —sem qualquer custo—, passando assim a receber alertas quando novos episódios são publicados.

O podcast Ilustríssima Conversa entrevista, a cada duas semanas, intelectuais e autores de livros de não ficção para discutir suas obras e seus objetos de pesquisa.

Já participaram do programa Sidarta Ribeiro, neurocientista que estuda o sono e os sonhos; Laurentino Gomes, que falou sobre seu novo livro, “Escravidão”; Sérgio Haddad, biógrafo de Paulo Freire; Giselle Beiguelman, que discutiu as políticas de memória e esquecimento do Brasil; a psicanalista Maria Rita Kehl; o arquiteto e urbanista Guilherme Wisnik; a antropóloga Lilia Schwarcz; o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; a economista Laura Carvalho, entre outros.

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