Nas favelas, até a pandemia de coronavírus é invisível

FONTEEliana Sousa Silva/Dalcio Marinho do El País
Helicóptero da polícia sobrevoa o Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro.CHRISTOPHE SIMON / AFP

Às 18 horas do dia 14 de maio, o Painel Rio COVID-19 confirmava 1.509 óbitos provocados pelo novo coronavírus na cidade do Rio de Janeiro. Desde o início da pandemia, há preocupação com sua escalada em potencial nas favelas e periferias. A previsão de que a mortalidade poderá ser maior nesses territórios é fundamentada em fatores da desigualdade socioeconômica: a intensa circulação de moradores que não podem parar de trabalhar; a proximidade e o tamanho dos domicílios, becos e travessas contribuindo para o contato entre as pessoas; a dificuldade de acesso aos recursos para prevenção ou tratamento da doença, entre outros.

É consenso que as famílias em situação de maior vulnerabilidade necessitam de medidas específicas e priorizar as favelas é um caminho efetivo para enfrentar o avanço da pandemia. No conjunto de favelas da Maré, a organização não governamental Redes da Maré iniciou em março, com apoio de parceiros locais e externos, uma série de ações para minimizar a crise do coronavírus. Uma das frentes de atuação, chamada De Olho no Corona!, acolhe demandas dos moradores com confirmação ou suspeita de contaminação, orientando o acesso aos serviços de saúde e à rede assistencial pública ou privada.

Os dados levantados nesta ação apontam um número bem maior de casos e de óbitos em comparação à contagem oficial. Até agora, 35 óbitos estão associados, pelos familiares, à covid-19 na Maré, a maioria já confirmada por testagem. Porém, oficialmente, foram contabilizados oito óbitos. É sabido que a subnotificação vem acontecendo em muitas localidades, dada a escassez de testes e de outras formas de diagnóstico, mas outro fator chama nossa atenção: casos confirmados e óbitos de moradores estão sendo notificados em bairros vizinhos.

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