Negros são mais suscetíveis a queloide e encravamento de pelo

FONTEPor Julliane Silveira, da Folha de São Paulo 
O pediatra Valdemir Gonçalves da Silva, 43, usa esfoliante para evitar que os pelos encravem depois de fazer a barba (Foto: Eduardo Knapp/Folha Imagem)

O que faz a pele negra ser mais firme e demorar mais tempo para dar sinais de envelhecimento também pode causar queloide, uma espécie de cicatriz desproporcional e alta, que surge após um corte na região.

Nesse tipo de pele, os fibroblastos -células que conferem elasticidade e força- são maiores e produzem mais colágeno, resultando em uma pior cicatrização do tecido.

Por esse motivo, procedimentos que cortam a derme devem ser bem planejados para não causar transtornos. “Plásticas, retirada de pintas ou de cisto sebáceo, qualquer tipo de corte: é preciso conversar bem, observar o histórico do paciente, se já teve queloide, se já houve casos na família… A abordagem deve ser mais rígida e mais completa”, afirma a dermatologista Denise Steiner.

Se há dúvidas sobre a propensão do paciente a queloides, é possível prevenir ou diminuí-los com terapias específicas. A betaterapia (um tipo de radioterapia) evita a proliferação dos fibroblastos e os destrói. É possível ainda fazer infiltração com corticoides, que relaxa os novelos de fibras e abaixa a cicatriz, e compressão após o procedimento, que reduz a circulação na região e previne o desenvolvimento do problema.

O pediatra Valdemir Gonçalves da Silva, 43, usa esfoliante para evitar que os pelos encravem depois de fazer a barba

“Como tomamos o cuidado de identificar o perfil do paciente, a incidência de queloides diminuiu muito. Ficou um estigma de que o negro sempre fica com cicatriz, o que não é verdade”, diz o cirurgião plástico Wagner Montenegro, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Também em homens

Outra característica do negro é a maior facilidade de encravamento dos pelos.

Quem sofre bastante com o problema são os homens, que precisam se barbear com frequência. O pediatra Valdemir Gonçalves da Silva, 43, não conseguiu se adaptar a nenhum aparelho, mas não queria fazer depilação a laser.

O problema, chamado de pseudofoliculite da barba, ocorre principalmente no pescoço, onde a pele é mais seca. O pelo encrava e gera uma lesão, que descasca, pode inflamar e se transformar em uma queloide. “Não posso raspar muito, preciso dar um descanso para a pele, mas não posso trabalhar com barba por fazer. Então, tento passar o aparelho de barbear de forma mais suave”, diz.

Para Valdemir, a solução foi um tratamento com cremes que fazem uma leve esfoliação.

 

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