Nei Lopes fala da Importância da Cultura Africa -Pela redescoberta da história do Brasil

Fonte: Clicrbs-

Pouco depois de terminar a palestra na Associação Empresarial de Joinville (Acij), na terça-feira, o escritor e compositor Nei Lopes soube que havia sido vencedor do Prêmio Jabuti na categoria livro didático, com seu “História e Cultura Africana e Afro-brasileira”. Era a resposta de uma pergunta feita pelo próprio Nei Lopes, minutos antes, quando tinha as atenções de professores e diretores das escolas de Joinville: por que alguém não-acadêmico poderia ser aventurar e contar a história do Brasil?

O livro de Nei Lopes atende a uma lei federal de 2003, que estabeleceu novas diretrizes no ensino da cultura afro-descendente no Brasil. A vinda do escritor e compositor para Joinville fez parte de um plano de aprimoramento para professores de história, geografia e ensino religioso, um ponto de largada para a inclusão do tema nas grades de ensino. E nada melhor do que começar com um diálogo com o próprio Nei, responsável por 25 publicações do segmento.

Foram dois bate-papos, na Acij e na Univille. Nei Lopes começou com uma saudação a Exu, divindade africana que daria energia positiva. “Acho que esse meu novo livro está muito legal, tanto que por, causa dele, conhece Joinville”, brincou o escritor. Depois, ligou sua própria história com o estudo da história africana no Brasil, que considera com um recorte errado e responsável por abafar muitas passagens importantes. “A afrodescedência era assunto tabu na minha família, e isso me incomodava muito”, explicou.

Para Nei Lopes, sabemos da história da África pelo olhar europeu, de quem visitou o continente e escreveu sobre o assunto. “A história do Egito é bastante estudada, mas pouco se fala que é um país africano e que teve dinastia de negros.” O escritor ressaltou ainda que antes da chegada dos conquistadores, a África já era civilizada – e há poucos registros históricos anteriores aos início do escravismo.

Sobre a escravidão, Nei Lopes começou o diálogo citando um samba de Mestre Candeia, para quem todas as civilizações já foram escravizadas. “Foi uma consequência de uma ordem econômica mundial. Até em países africanos houve tráfico negreiro”, explica. Nei Lopes também mostrou a influência de dialetos africanos na língua portuguesa e em práticas culturais, como o próprio samba e a capoeira.

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