N’KANDA: patrimônio afrodiaspórico em Minas Gerais

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Divulgação

Como parte das reflexões sobre o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), entre os dias 25 e 29 de novembro, o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e a APPA – Arte e Cultura oferecem programação gratuita com o projeto N’KANDA: patrimônio afrodiaspórico em Minas Gerais. Durante os cinco dias, estarão em pauta discussões sobre a presença da negritude no patrimônio material e imaterial de Minas Gerais. Com a programação, o objetivo é também construir narrativas sobre a participação das matrizes africanas na formação do estado que, neste ano, completa 300 anos.

As atividades de reflexão contarão com lives transmitidas pelo canal do Iepha-MG no YouTube, a partir do dia 25, além de ações presenciais em Belo Vale, município onde se localiza a Fazenda Boa Esperança. Entre os convidados, estão a professora Mara Evaristo e o multi-instrumentista mineiro Sérgio Pererê. Temas como a ressignificação de espaços museais, educação patrimonial, etnobotânica e outros estarão em pauta.

A historiadora Josemeire Alves e a arquiteta Lisandra Mara Silva, responsáveis pela curadoria do projeto, ressaltam o sentido educativo e histórico das ações. “Teremos como foco especial e orientador, as experiências das comunidades negras – quilombolas e não quilombolas – que se constituíram na região do atual município de Belo Vale, em torno da Fazenda Boa Esperança. A partir de tais experiências, buscaremos tecer diálogos possíveis com vivências negras e afrodiaspóricas que despontam, ao longo do tempo, em diferentes regiões de Minas Gerais, em especial Belo Vale, Belo Horizonte, Sul de Minas, Serra do Espinhaço e Vale do Jequitinhonha.”

A presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, comenta a importância da proposta e da temática para a história de Minas Gerais. “Propomos, nesta ação, ampliar a reflexão sobre o papel estruturador da cultura do povo negro na formação da identidade de Minas Gerais. A partir das vivências das comunidades e coletivos e das ações de salvaguarda desenvolvidas em articulação com estes grupos pelo Iepha-MG, em especial no território da Fazenda Boa Esperança, o projeto N’KANDA nos proporcionará compreender a importância da diversidade cultural presente nos processos de afirmação da comunidade negra como sujeitos históricos, patrimônio vivo do nosso estado.”

O presidente da APPA – Arte e Cultura, Xavier Vieira, acrescenta que “iniciativas como essa, além de contribuir para promoção do patrimônio cultural, têm genuíno papel de amplificar a voz e oportunizar espaços para discussões negligenciadas pela nossa história e presentes, até hoje, em nossas vidas, infelizmente”.

Reversão do apagamento – O dia 20 de novembro marca a morte, ocorrida em 1965, de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes da história do Brasil e símbolo da luta contra o sistema escravagista do país. As curadoras da programação, reforçam a necessidade de compreender a cultura mineira a partir da construção de outras memórias. “Pensamos em estimular a reversão dos processos de apagamento da presença numericamente predominante da população negra e sua participação ativa na formação histórica e cultural de Minas Gerais. Assim, é também propósito da programação estimular a percepção do patrimônio cultural de Minas, a partir de referenciais das culturas africanas, as bantu-Kongo, em especial, para além dos aspectos visuais privilegiados pela cultura ocidental”, pontuam.

Ainda segundo Lisandra e Josemeire, que também integram o grupo de pesquisa Africanidades BH, na UFMG, é urgente questionar processos históricos estabelecidos. “Quanto mais caminhamos em nossas trajetórias de pesquisa sobre as cosmovisões africanas, mais nos damos conta do tanto que elas nos constituem, não apenas como indivíduos, mas como povo, coletividade. O que hoje denominamos Minas Gerais sempre foi um território habitado por uma maioria de população africana e afrodescendente. Nosso patrimônio é significativamente negro e africano, o que ainda é pouco discutido”, constatam.

“Buscamos com a programação trazer reflexões acerca das formas de comunicabilidade e memória afrodiaspóricas presentes no patrimônio mineiro e brasileiro. As sonoridades, as performances, a oralitura como definido pela querida Profa. Leda Martins. O convite é, por fim, a leituras diversas que permitam abordar e compreender, desde essa perspectiva, esses patrimônios”.

Responsável pela produção do projeto, a jornalista Elaine do Carmo acrescenta que Minas Gerais foi um dos estados que mais recebeu pessoas negras do continente africano escravizadas. Elas possuíam a sabedoria milenar do manejo de metais e estruturas arquitetônicas resistentes. Pesquisadora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, Elaine enfatiza que a programação traz para cena “o reconhecimento explícito da contribuição estrutural na formação artística e espacial do estado, já que muitas manifestações são sincréticas. Um exemplo são as presenças de signos das culturas de povos africanos escondidas nos ornamentos de igreja e a forma da população lidar com a natureza para a cura”.

Programação N’KANDA: patrimônio afrodiaspórico em Minas Gerais

25/11, quarta-feira, às 19h
Tema: Cosmologia bantu-Kongo e patrimônio mineiro
Participantes: Makota Kidoialê (Cássia Cristina – Kilombo Manzo Ngunzo Kaiango) e
performance do multi-instrumentalista Sérgio Pererê
Mediação: professora e arquiteta Gabriela Gaia
Link da live disponível aqui.

26/11, quinta-feira, às 17h
Tema: “Palácio da Liberdade, Leituras Negras”: experiências de educação patrimonial e antirracismo
Participantes: Elison Vitor, Giovanna Vaz, bolsistas do Educativo do Palácio da Liberdade, e historiadora Josemeire Alves
Mediação: arquiteta Lisandra Mara
Link da live disponível aqui.

27/11, sexta-feira, às 19h
Tema: Performances e patrimônio afro-diaspórico em Minas Gerais
Participantes: Jussara Costa, representante de Macuco Comunidade Quilombola, do Vale do Jequitinhonha, Roseli dos Santos, quilombola, historiadora e integrante do GT-Emancipações e Pós-Abolição MG, e Miriam Aprigio Pereira, historiadora e membro do Quilombo de Luízes
Mediação: Débora Silva, do Iepha-MG
Link da live disponível aqui.

28/11, sábado, às 14h (*)
Tema: Conversa sobre Etnobotânica e Agroecologia
Participantes: bióloga Giordanna Camila Bié e Tuquinha, da comunidade Chacrinha dos Pretos
(*) Conversa será gravada e disponibilizada, posteriormente, nos canais oficiais do Iepha

28/11, sábado, às 16h (*)
Tema: Performance: Encantamento da Boa Esperança
Participante: artista Babilak Bah
(*) Performance será gravada e disponibilizada, posteriormente, nos canais oficiais do Iepha

29/11, domingo, às 10h
Tema: Museu e Etnicidade: cosmologias Quilombolas e potenciais de ressignificação de espaços museais
Participantes: historiadora Nila Rodrigues Barbosa, Magno Marciano, representante da Fazenda Boa Esperança, e Grasiele Regina Ribeiro, moradora da comunidade de Belo Vale
Mediação: Lisandra Mara
Link da live disponível aqui.

29/11, domingo, às 14h
Tema: Educação patrimonial e Boa Esperança à geração neta
Participantes: professora Mara Evaristo, Magno Marciano, Tuquinha
Mediação: Josemeire Alves
Link da live disponível aqui.

APPA – A APPA – Arte e Cultura é uma organização com propósito de gerar evolução social por meio do fomento da economia da cultura. A APPA capta recursos públicos e privados e os investe no setor cultural brasileiro, tendo materializado mais de duas centenas de projetos culturais em seus 27 anos e beneficiado centenas de milhares de pessoas. Para mais informações, acesse appa.art.br ou @appaarteecultura (Facebook, Instagram e LinkedIn).

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