No mês da consciência negra, relatório mostra recorde de ofensas racistas no futebol brasileiro

Casos de racismo bateu recorde no Brasil — Foto: Arte GloboEsporte.com

Parcial do levantamento anual mostra 53 casos envolvendo clubes brasileiros; em 2018, o estudo apontou 44 ocorrências

Por Elton de Castro, do Globo Esporte

Casos de racismo bateu recorde no Brasil — Foto: Arte GloboEsporte.com

No mês da consciência negra, o futebol brasileiro deu mais uma demonstração de que o racismo está longe de ser um problema superado. Isso porque o Observatório da Discriminação Racial no Futebol divulgou uma parcial do relatório que mensura a incidência de casos racistas no futebol brasileiro e o número aponta para um recorde em 2019, em relação aos levantamentos dos cinco anos anteriores: são 53 casos envolvendo clubes do futebol nacional, sendo 47 em campeonatos nacionais e seis em torneios organizados pela Conmebol. Em 2018, ano que detinha a pior marca até então, ocorreram 44 casos.

Casos de discriminação racial em 2019 — Foto: Reprodução Observatório da Discriminação Racial no Futebol

O relatório também aborda 13 casos envolvendo atletas brasileiros que atuam no exterior. Dentre eles, o atacante Taison, do Shakhtar Donestk, que além de sofrer ofensas durante o jogo contra o Dínamo Kiev, foi expulso ao reagir e acabou sendo punido com um jogo de suspensão.

– A gente está com 53 casos, é um número de casos muito maior. Acho que tem a questão do aumento das denúncias, mas também há uma piora no comportamento das pessoas. Estão se sentindo mais livres para fazer esse tipo de ação – disse Marcelo Carvalho, pesquisador e fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

O cenário anual é um reflexo do panorama apresentado no levantamento realizado pelo GloboEsporte.com, onde 48,1% dos técnicos e atletas negros, das Séries A, B e C afirmaram ter sido vítimas de racismo. Segundo o relato dos jogadores, há casos de injúrias raciais em 14 estados, espalhados pelas cinco regiões do país.

O panorama preocupa clubes e CBF que, desde a paralisação para a Copa América, em junho deste ano, adotou um protocolo que prevê punições às entidades, em caso de atos discriminatórios nos estádios. Na última rodada da Série A – a 34ª -, os times chegaram a entrar para os jogos com camisas estampando campanhas contra o racismo. Uma ação em homenagem ao mês da consciência negra.

-+=
Sair da versão mobile