Nosferatu: Manifestações livres sobre qualquer assunto

Por Leno F. Silva

 

Noventa anos depois de sua produção, o filme clássico de Friedrich-Wilhelm Murnau teve projeção que ocupou a parte central da parede externa do Auditório Ibirapuera e contou com o charme da Filarmônica Petrobras tocando a trilha sonora ao vivo e com grande competência.

O público se espalhou pelo gramado. Uns sentados; outros em pé. Uns acompanhados; outros sozinhos. Mas todos entusiasmados com a qualidade da película recentemente restaurada. Para a felicidade geral, a noite estava propícia: temperatura fria com leve ameaça de garoa e um
vento gelado que aumentava a sensação térmica. No final, os aplausos foram efusivos e a desocupação do local ocorreu com tranquilidade.

Qualquer iniciativa que estimule a ocupação dos espaços públicos por gente é super bacana. A cidade só existe verdadeiramente quando as pessoas a reconhecem como lugar vivo, pulsante, livre, diverso, democrático e que possibilita nos enxergarmos uns aos outros e nos reconhecermos nas diferenças e nos encontros.

Alguns bate-bocas entre aqueles que sentaram na grama e uns poucos que preferiram ver tudo de pé não prejudicou o espetáculo de compartilhar, com respeito, o bem comum. A saída para acabarmos com a violência urbana está, entre outras medidas, em aumentarmos a frequência de iniciativas que tirem as pessoas dos seus condomínios “protegidos” e as coloquem, juntas, respirando o mesmo ar e curtindo as farras da vida. É isso aí minha gente: mesmo sabendo o final, o povo escolheu curtir, comentar e compartilhar o “Nosferatu” in loco, porque junto, misturado e com calor humano é
mais gostoso. Por aqui, fico. Até a próxima.

-+=
Sair da versão mobile