Núcleo de Consciência Negra da USP criado há 27 anos ainda não foi reconhecido pela Universidade

 

O Núcleo de Consciência Negra da USP luta há 27 anos dentro da universidade contra o racismo e a discriminação da população pobre e negra. Oferece cursos de idiomas para alunos de baixa renda e cursinho pré-vestibular gratuitos em um movimento de inclusão. Em 2013 apenas 2,4% dos alunos que ingressaram na USP eram negros. Ao todo, são 13,7%. Mas a barreira do vestibular é apenas o primeiro obstáculo. A discriminação continua nas salas de aula e nos corredores.

Valéria Couto da Silva, estudante do quarto ano de educação física, que mora na zona leste e tem a pele bem clara, afirmou, em reportagem realizada pela TVT, que se descobriu como negra quando ingressou na USP. “Porque eu venho de São Mateus, da extrema zona leste, e lá as pessoas são parecidas, todas são negras, ou da pele pigmentada ou da pele clara, mas são negras.” Na sala de aula, encontrou a maioria dos colegas brancos, de olhos claros, cabelos lisos, “um padrão europeu”.

A estudante lembra, porém, que na prestação dos serviços da universidade, como o de limpeza, pelo menos 90% dos trabalhadores são negros.

Militante do núcleo, composto por alunos, professores e funcionários, Valéria considera que a atuação do organismo ultrapassa os portões da universidade e se estende para toda a sociedade na luta contra o genocídio da população pobre e preta. Segundo a militante, o núcleo começou a pautar a discussão pró-cotas nas universidades desde a sua criação.

Instalado no antigo prédio da Faculdade de Veterinária, desde 1987, nunca foi reconhecido pela USP. A estrutura é precária e o espaço ainda corre o risco de ser demolido para a construção do novo estacionamento da Escola de Comunicação e Artes.

Mas existe um movimento de resistência. “A gente só sai daqui se houver outro espaço”, avisa Valéria, para quem o núcleo representa uma das únicas alternativas de possibilidade de acesso à universidade à população negra e pobre.

Assista à reportagem da TVT:

 

 

Fonte: Rede Brasil Atual

 

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