Número de pessoas em situação de rua na cidade de SP ultrapassa 48 mil e bate recorde em 2022, diz pesquisa

Número é o maior da série histórica que começou a ser registrada em 2012, segundo o levantamento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais, a partir de dados do Cadastro Único. Capital paulista concentra 25% das pessoas em situação de rua de todo o Brasil.

FONTEDo G1
Moradores em situação de rua dormem no Pateo do Colégio, no Centro de SP, nesta sexta, 30 de julho, quando a cidade registrou 4º C. (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)

Um levantamento realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que 48.261 pessoas viviam nas ruas em São Paulo no ano de 2022, sendo o maior já registrado na capital paulista.

O levantamento do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (POLOS-UFMG), com dados do CadÚnico, foi obtido com exclusividade pela Globonews.

De acordo com o estudo, que levou em consideração apenas as pessoas que estavam registradas no Cadastro Único, a capital concentra 25% das pessoas em situação de rua de todo o país, enquanto o estado concentra 42% da população em situação de rua no país, ou seja, 4 em cada 10 pessoas em situação de rua no Brasil vivem no estado de São Paulo.

Segundo o coordenador do POLOS-UFMG, André Luiz Dias, entre 2012 e 2020 houve o crescimento das pessoas em situação de rua e também o fortalecimento do CadÚnico enquanto dispositivo de acesso a políticas públicas sociais no país.

O levantamento constatou que:

  • No ano de 2012, eram 3.800 pessoas. Já em 2022 o número é 12 vezes maior, sendo o maior da série histórica.
  • No Brasil são quase 192 mil pessoas em situação de rua registradas no CadÚnico.
  • Segundo os especialistas, o número total está subnotificado. Estima-se que o número real seja cerca de 40% maior, e fique em torno de 300 mil pessoas.
  • Em 2021, o número de pessoas em situação de rua caiu, mas refletiu apenas uma diminuição de registros dessas pessoas — uma dificuldade encontrada pelos municípios durante a pandemia. Não foi uma diminuição real de pessoas vivendo nas ruas.
  • Em 2022, foram realizados mutirões de registros e o número voltou a ficar mais próximo da realidade. Ainda assim, estima-se que há um déficit nesse número. Isso porque o antigo Ministério da Cidadania, do governo Bolsonaro, estabeleceu um prazo para atualização desses cadastros. Como muitas pessoas não conseguiram realizá-lo, em grande parte por dificuldades no sistema, estima-se que mais de 21 mil registros foram excluídos no país somente entre outubro e novembro de 2022.

Veja os registros de moradores em situação de rua ano a ano

Foto: Reprodução/ G1
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