Raquel Zimmermann: “Os negros compram roupas como os brancos e faz todo o sentido ter todas as raças na passarela. Não gosto de desfile em que as modelos parecem clones umas das outras, todas loiras…”

Enviado por / FonteDo G1

Nem a top model número 1 do mundo da moda escapa das críticas a seus defeitinhos estéticos. O título concedido pelo site especializado Models.com não impede que a gaúcha Raquel Zimmermann, de 26 anos, vez ou outra ouça de fotógrafos sugestões como remover as pintas saltadas que tem no ombro ou a cicatriz no lado direito do rosto.

Mas há alguns meses, Raquel aceitou pintar o cabelo e a sobrancelha de um loiro platinado, quase branco, a pedido da dupla de fotógrafos holandeses Inez van Lamsweerde & Vinoodh Matadin, com quem fez uma série de trabalhos para a Vogue francesa, W, Jean Paul Gaultier e Gucci.

É com esse visual, com a raiz já evidenciando o loiro escuro natural, que a top vai desfilar neste sábado (20) na SPFW, para a grife Animale.

Sou aberta a mudanças, mas nunca deixei me transformarem em boneca plástica”, diz a modelo, que trilha o caminho de sucesso de Gisele Bündchen graças a campanhas para grifes como Chanel, Yves Saint Laurent, Victoria`s Secret, Valentino e Versace.

Nascida em Bom Retiro do Sul, Raquel vive em Nova York há oito anos. A distância do idioma às vezes faz com que a loira castigue o português. Durante a entrevista de meia hora – determinação de seus assessores – realizada pelo G1 na sexta-feira (19), a modelo trocou as palavras incentivo por “incentivação” e confiante por “confidente”.

Nada a ver com falta de cultura. Como diz na entrevista a seguir, Raquel está sempre “estudando alguma coisa”, sonha voltar ao Brasil e fazer faculdade. Confira:

G1 – O que você achou da política de cotas para modelos afrodescendentes na SPFW?

Raquel Zimmermann – Não estou sabendo muito bem como funciona essa medida, mas pelo que vi é uma boa “incentivação”. Os negros compram roupas como os brancos e faz todo o sentido ter todas as raças na passarela. Não gosto de desfile em que as modelos parecem clones umas das outras, todas loiras… E não é só no Brasil que isso acontece, é no mundo inteiro!

G1 – Vez ou outra uma publicação estrangeira decreta o fim do reinado das tops brasileiras na moda, que as russas estão dominando o mercado…
Raquel – O Brasil nunca vai parar de produzir mulheres bonitas. A gente tem uma diversidade de raças que nos faz especial. Sempre vem mesmo um jornalista com essa história lá fora, não entendo o porquê…

G1 – A maioria das campanhas que você fez foi para ícones do luxo, como Louis Vuitton e Chanel. Você recebe convites de marcas populares?
Raquel – Não acho que meu biotipo, minha descendência européia, me impeça de fazer um trabalho para uma marca mais popular. Em Porto Alegre tem várias meninas como eu. Eu me vejo fazendo coisas mais populares aqui no Brasil porque sou uma pessoa comum, não sou diferente por ser loira, alta, magra…

G1 – Você pensa em voltar a morar no Brasil depois que se aposentar?
Raquel – A minha casa agora é em Nova York, tenho uma ligação bem forte com a cidade. Mas sonho dividir minha vida entre Nova York e Brasil, talvez morar em Porto Alegre. Quero voltar a estudar, fazer faculdade.

G1 – Do que?
Raquel – Um pouco misturado, economia, história, artes… Gosto de estudar várias coisas, aprender a tocar músicas na minha guitarra. Eu só tocava Metallica e Guns. Agora estou aprendendo umas músicas da Rita Lee e da Legião Urbana no violão. Estou aprendendo a surfar também. E o melhor surfista é o que se diverte mais.

G1 – Você foi apontada como a top número 1 da moda pelo segundo ano. Te aflige perder esse título?
Raquel – Cheguei aqui sendo quem sou e não fiquei diferente depois dessa história de número 1. Você tem que ser “confidente” de quem você é.

G1 – Outro título na sua vida é a lista das mais bem-vestidas da Vogue América…
Raquel – É, você viu que bonitinho isso? Perguntaram qual o meu estilo e eu disse que é rock’n’ roll dos anos 70, meu style icon é a Patti Smith. Gosto de botinha, não sou fã de salto. Gosto de bota de motoqueiro, jaqueta de couro.

G1 – Você tem medo da velhice, de perder a beleza que o mundo da moda elegeu como ícone?
Raquel – Não. Fiz umas fotos com a Charlotte Rampling [atriz britânica de 63 anos] para uma revista francesa e ela é um exemplo de mulher que nunca fez botox e é “confidente” de quem ela é. É um exemplo de pessoa “confidente” de si mesma. Ela é tão incrível e “confidente” que posou ao meu lado, uma menina de 26 anos, sem nenhuma maquiagem, mostrando a “confidência” dela. Gostaria de ser como ela no futuro.

G1 – Seu visual está diferente da última vez que você desfilou aqui.
Raquel – É, foi sugestão de uma dupla de fotógrafos, Inez e Vinoodh. O bom da minha carreira é isso, são essas mudanças. E sou aberta para as sugestões dos fotógrafos.

G1 – Tem alguma mudança que você não faria em função de uma boa foto?
Raquel – Olha, já aconteceu de fotógrafos virem dizer pra eu remover as pintas do meu ombro, e eu não fiz. Já mandaram eu tirar essa cicatriz do rosto, que foi um acidente que sofri aos 4 anos, besteira de criança, e eu não vou mudar! Isso é quem eu sou e nunca deixei me transformarem em boneca plástica.

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