O Brasil é para poucos

Dependendo de onde nos situamos no espectro social podemos usufruir do que o Brasil oferece de melhor ou de pior do mundo

Por , do El Pais 

Em 1974, o economista Edmar Bacha cunhou um termo, Belíndia, que buscava sintetizar as contradições do Brasil: segundo ele, tínhamos uma Bélgica incrustrada em uma Índia. A palavra, popular nos anos 1980, a nossa década perdida, caiu em desuso, inclusive porque não faz muito sentido —a Índia, um país de 1,3 bilhão de pessoas, possui um sistema milenar de castas sociais justificado por princípios religiosos, que gera marajás e miseráveis. Mas se o conceito não tem fundamento não é porque mudou o cenário: continuamos a ter uma das maiores concentrações de renda do planeta —10% da população detêm 42% do total das riquezas do país.

De acordo com a Constituição de 1988, o salário mínimo deve suprir as necessidades básicas (alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social) do trabalhador e de sua família. Atualmente, esse valor equivale a R$ 788,00 mensais (cerca de 260 dólares). Segundo levantamento do Banco Central, 28% dos trabalhadores recebem um salário mínimo por mês, e 54%, de um a três (até R$ 2.364,00 ou 790 dólares). Menos de 1% da população ganha mais de 20 salários mínimos mensais (R$ 15.760,00 ou 5.300 dólares). As mulheres brancas, em qualquer camada social, ganham, em média, 30% menos que os homens para exercer as mesmas funções. Um homem negro recebe 57% da média paga a um branco —e uma mulher negra, menos da metade.

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