O dabo (Adeus) Luiza Helena de Bairros

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Olorum o si pè o ti a ti ko ti nkigbe…
A yiya ni igun kan ti awọn oju
A yiya ti ife ati idagbere
Ati pẹlu awọn idalẹjọ ti gun ojuse…

Por Eloá Kátia Coelho Enviado para o Portal Geledés

(Olorum chamou e ela foi sem chorar…
Apenas uma lágrima caiu no canto do olho.
Uma lágrima de amor e despedida.
E com a convicção do dever comprido.)

E eu como fico sem tu?
Não tenho forças para me despedir, pessoalmente, de ti que tanto me ensinou…
Sinto muito, ficarei com as lembranças nossas…
Ficarei com os nossos sorrisos…

Sorriso lindo de bonito e com nossas gargalhadas.
Ficarei com a lembrança de Salvador/BA e daquela mesa com tantas mulheres, nossas amigas…
Ficarei com a lembrança de POA/RS, o pôr do sol de Guaíba…
Ficarei contigo em meu coração.
E as tuas análises conjunturais, melhor impossíveis.
Dizer adeus para ti me dói demais…

Dói à carne do meu corpo inteiro, dói a minha alma.
Nem as lágrimas que derramei vão dar conta da falta que irás me fazer…
Gratidão pelo exemplar trabalho que fizeste pelo Brasil, pelo povo preto, indígena, cigano e quilombola.

“quando crescer quero ser como tu”… (era isto que eu falava cada vez que nós víamos, nos (re) encontrávamos).

Já cresci!
Cresci ontem
Mas hoje fiquei mais forte mentalmente por que terei de viver, neste mundo, agora, sem ter-te, sem ver-te e sem a possibilidade de abraça-la.
Sabes amiga?

Crescerei muito mais amanhã por nós duas, por nós todas mulheres negras, indígenas, ciganas e quilombolas.

É meu dever, é minha obrigação, é meu legado, é minha missão.
Por que contigo apreendi onde e quando o nosso feminismo foi revisitado.
E contigo marchei e ampliei o feminismo negro.
Tu me ensinaste a ser mais forte.
Me ensinaste a ser eu mesma.
Dúpẹ (Gratidão)!

Sei também que a vida não será mais a mesma sem tu por perto.
Não irei mais ouvir tua voz…
Mas irei senti-la e isto para quem ama e acredita no amor solidário, no ativismo, na militância, isto é o sopro da vida.

Gratidão por ter dividido teu oxigênio comigo, com tantas de nós…
Gratidão por ter dividido teu tempo.
Gratidão por ter dividido teu amor.

E acima de tudo por ter dividido teu sonho conosco…
E foi assim que a mariposa virou borboleta e voou não sei para onde, mas colorida que era foi atrás do que precisava…

Descanse em PAZ.
Que os Orixás te guiem.
Vá ao encontro da luz.
TE AMO!

 

 

 

 

 

 

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