O grito feminista ressoa no México

Mulheres em um protesto em 16 de agosto em Monterrey.GABRIELA PÉREZ MONTIEL (CUARTOSCURO)

Manifestações dos últimos dias constatam o auge das mobilizações das mulheres e evidenciam a saturação pelo clima generalizado de violência

Por SONIA CORONA e AVIER LAFUENTE, do El País 

Mulheres em um protesto em 16 de agosto em Monterrey – Foto: GABRIELA PÉREZ MONTIEL (CUARTOSCURO)

O Anjo da Independência da Cidade do México amanheceu há alguns dias com pichações que narravam a realidade do país. “México feminicida”, porque a cada quatro minutos uma mulher sofre um estupro; “Autodefesa já”, porque as denúncias por crimes sexuais aumentaram 20% nesse ano em um país onde 93% dos crimes não são solucionados. Também “Nunca mais terão a cumplicidade de nosso silêncio”, porque centenas de mulheres mexicanas decidiram que seu grito de saturação ressoará cada vez mais forte, pelos milhares, milhões, que não podem fazê-lo.

O estupro de uma menor de 17 anos supostamente por quatro policiais foi o detonador dos últimos protestos diante da inação das autoridades da Cidade do México, governada por uma mulher, progressista, Claudia Sheinbaum, cuja primeira reação foi dizer que não cairia em provocações quando jogaram purpurina em um de seus funcionários. As manifestações dos últimos dias, entretanto, são a constatação do auge do movimento feminista no México.

A mobilização das mulheres não é nova. Em 2016, após a etiqueta #MiPrimerAcoso (Meu primeiro assédio) visibilizar a frequência com que as mexicanas sofrem assédios nas ruas, as mulheres começaram a denunciar. Três anos depois a situação é igual ou mais alarmante: o movimento Me Too conseguiu fazer com que as mulheres rompessem o silêncio com uma única voz; as manifestações ficaram mais fortes e têm mais participação. Através de símbolos como a purpurina rosa, as mulheres saíram às principais ruas da cidade. O movimento feminista encontrou nas mexicanas tanto a saturação diante de uma situação que as coloca em desvantagem, como um alto potencial de organização à mobilização social. “O feminismo está nas ruas, na imprensa e nas redes. Algumas vezes chega diluído, mas existem diferentes correntes. É uma nova geração que não tem canais de diálogo, não tem oportunidades e que só tem a opção de se manifestar”, descreve Valentina Zendejas, subdiretora do Instituto de Liderança Simone de Beauvoir.

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