O impacto duradouro da escravidão nas sociedades contemporâneas é um dos temas do Festival serrote, que realizará debates online com Saidiya Hartman, Igor R. Reyner e Noemi Jaffe, entre outros convidados

Em formato virtual, a quinta edição do evento gratuito acontece nos dias 18 e 19 de março e marca o lançamento da revista serrote #40. As conversas serão transmitidas ao vivo no YouTube do IMS e no Facebook da serrote

FONTEEnviado ao Portal Geledés
Foto: Divulgação

Organizado pela revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, o Festival serrote chega a sua quinta edição, em formato online. O evento gratuito acontece nos dias 18 e 19 de março (sexta e sábado) e será transmitido ao vivo no YouTube do IMS e no Facebook da serrote, com interpretação em Libras. O festival marca o lançamento da quadragésima edição da revista.

A programação traz debates sobre o impacto causado pela escravidão nas sociedades contemporâneas, sobre o luto e a literatura e sobre o sentido do 7 de Setembro, no ano em que se comemoram os 200 anos da independência do Brasil. Grande parte dos convidados assinam ensaios na serrote #40, edição recém-lançada da revista e disponível nas livrarias e na loja virtual do IMS.

O festival começa no dia 18 (sexta), às 19h, com a escritora norte-americana Saidiya Hartman, uma das principais referências contemporâneas em estudos afro-americanos, professora de inglês e literatura comparada na Universidade Columbia. A autora, que terá três livros publicados agora no Brasil – Perder a mãe (Bazar do Tempo), Vidas rebeldes, belos experimentos (Fósforo) e Cenas de sujeição (Crocodilo/Bazar do Tempo) – apresentará seu ensaio “A trama para acabar com ela”, publicado na serrote #40. Com mediação da jornalista, tradutora e poeta Stephanie Borges, a conversa será em inglês, com tradução simultânea para o português.

No segundo dia do festival, 19 de março (sábado), às 16h, Igor R. Reyner e Noemi Jaffe discutem os laços entre perda, sobrevivência e escrita. Reyner, pianista e professor de história da música, assina o ensaio “O mal que tenho: sobre Proust, câncer e morte” na serrote #40, em que revisita a obra do francês Marcel Proust durante o tratamento de um câncer a que foi submetido. A escritora Noemi Jaffe é autora de Lili: novela de um luto, livro que apresenta uma delicada meditação sobre a morte de sua mãe. A conversa contará com a mediação de Carla Rodrigues, filósofa, professora de filosofia na UFRJ e pesquisadora da Faperj. O festival se encerra às 18h do dia 19 (sábado), com uma conversa entre a jornalista Fabiana Moraes e o jurista Marcos Queiroz sobre as distorções e apropriações ao longo da história da ideia da independência do Brasil, que neste ano completa 200 anos. Os dois assinam respectivamente os ensaios “Dependência completa” e “Delírio de liberdade”, sobre o assunto, na serrote #40. A conversa será mediada pelo jornalista Jefferson Barbosa, editor do PerifaConnection.


serviço
 

Festival serrote

18 e 19 de março (sexta e sábado)
Evento gratuito
Transmissão ao vivo no YouTube do IMS (youtube.com/imoreirasalles) e no Facebook da revista serrote (facebook.com/revistaserrote)

Nas duas plataformas, haverá interpretação em Libras. No Facebook, o recurso de legendas também estará disponível.

serrote #40
224 páginas
R$ 48,50
Disponível nas livrarias e na loja virtual do IMS: lojadoims.com.br

Programação completa do festival

18 de março (sexta-feira)

19h
A trama para acabar com ela
Encontro com Saidiya Hartman 
Mediação: Stephanie Borges
Conversa em inglês com tradução simultânea para o português
 

19 de março (sábado)

16h
O mal que tenho: do luto à literatura
Debate com Igor R. Reyner e Noemi Jaffe
Mediação: Carla Rodrigues18h
Independência ou o quê? 200 anos de uma ideia distorcida
Debate com Fabiana Moraes e Marcos Queiroz
Mediação: Jefferson Barbosa


Sobre a serrote #40

A revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, em sua 40ª edição, traz, além dos ensaios já citados de autores que participam do Festival serrote, o ensaio visual “Desenhos africanos”, de Cildo Meireles, com detalhes de desenhos do início da carreira do artista, inspirados por uma exposição do acervo da Universidade de Dacar, Senegal, que viu em Brasília em 1963.

Na série de ensaios que respondem à pergunta da revista sobre o sentido do 7 de Setembro, há também, além dos textos de Fabiana Moraes e de Marcos Queiroz, o ensaio “Ideal degradado”, da historiadora e cientista política Heloisa Murgel Starling, em que, analisando o 7 de setembro de 2021, discute como os conceitos de soberania e liberdade têm sido apropriados e distorcidos. E, respondendo à mesma questão, o escritor Bernardo Carvalho, no texto “Motociata ou morte”, mergulha na distopia para mostrar os valores perversos que se confundem hoje com princípios básicos de emancipação.

Menções honrosas no 4º Concurso de Ensaísmo serrote, os textos “Ladainha da sobrevivência”, de Yasmin Santos, e “O agente esteta”, de Pedro Sprejer, são outros destaques da edição. No primeiro, a jornalista, escritora e editora mostra como o sentido de intelectualidade está diretamente ligado à cultura do patriarcado e do privilégio e como as mulheres negras são proibidas de frequentar esse clube. Em “O agente esteta”, o jornalista e roteirista conta a curiosa história do diplomata americano Peter Solmssen, que descobriu nos arquivos de documentos sobre a ditadura militar brasileira guardados pela Brown University, nos Estados Unidos, e agora abertos para pesquisa. Solmssen, que chegou ao Brasil em 1965, misturou fotografia, literatura, música e relatórios confidenciais para produzir uma peculiar interpretação do país sob o governo militar.

Também assinam textos na edição o antropólogo e jornalista Fábio Zuker, a escritora norte-americana Vivian Gornick, o professor de filosofia Márcio Suzuki e o romancista e poeta Walter Siti. A serrote #40 traz ainda trecho inédito do novo livro da jornalista e escritora peruana Gabriela Wiener, que será lançado no Brasil pela Todavia.

Na capa, a revista mostra o trabalho da artista plástica tanzaniana Sungi Mlengeya, que também ilustra o ensaio de Saidiya Hartman.

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