‘O voto antirracista vai derrotar Bolsonaro”, diz fundador da Uneafro

A campanha 'Meu primeiro voto é antirracista' foi lançada em todo o Brasil, nesta terça-feira (26/4), para incentivar jovens de 16 anos a votar

FONTEEstado de Minas, por Márcia Maria Cruz
Douglas Belchior (Foto: Marlene Bargamo/Folhapress)

A campanha “Meu primeiro voto é antirracista” foi lançada em todo o Brasil nesta terça-feira (26/4) com a intenção de convocar a juventude para participar das eleições de 2022.  Para engajar os jovens, foram instalados 25 comitês em todo o país. Em Minas, a previsão é que os espaços sejam montados na capital, em cidades da região metropolitana, como Contagem, Ibirité e Contagem, e no interior nas próximas semanas.

A campanha “Meu primeiro voto é antirracista” tem o propósito de influenciar no resultado das eleições presidenciais brasileiras. “Assim como o voto antirracista foi o voto que  que derrotou o Trump lá, o voto anitrracista vai ser o responsável por derrotar o Bolsonaro aqui. O voto antirracista vai derrotar Bolsonaro”, afirma o historiador Douglas Belchior, fundador da União de Núcleos de Educação Popular para negros e classe Trabalhadora (Uneafro).   Embora assuma que tem um lado, a campanha não é realizada por partidos políticos. É uma iniciativa da Uneafro com apoio da Coalizão Negra por Direitos.

A campanha é inspirada no movimento Black Lives Mattrer,  que ganhou as ruas dos Estados Unidos depois do assassinato de George Floyd por policiais brancos em 2020. A articulação dos movimentos negros americanos foi decisiva na eleição presidencial estadunidense, quando Joe Biden venceu Donald Trump. “A campanha parte do pressuposto do crescimento da onda da extrema-direita no mundo inteiro. Parte do pressuposto da experiência americana de que o movimento negro lá, o Black Lives Matter, foi fundamental para a vitória do Biden e a derrota do Trump”, diz Douglas.

A proposta é que os comitês sejam espaços para que a juventude possa se reunir para debater a política nacional e as eleições 2022, a partir de um recorte racial dos temas. Nos locais, os jovens terão acesso a computadores para que possam solicitar nos Tribunais Regionais Eleitorais o título eletrônico.  De acordo com a Justiça Eleitoral, aproximadamente  1,2 milhão de jovens entre 15 e 18 anos já solicitaram a emissão do primeiro título. A campanha se dirige à  juventude que ocupa espaço da produção cultural, slam, saraus, bailes funks,  hip hop e de todos os outros movimentos culturais.

“Precisamos construir um país que ofereça futuro para a juventude. O papel da juventude é fundamental na imaginação do futuro. Temos que provocar nessa juvenude a vontade de imaginar e construir o país. Isso passa por eleger quem vai governar”, afirma Douglas Belchior.

O historiador destaca que a juventude brasileira é formada, na maioria, por jovens negros, ou seja pretos e pardos.  “É uma campanha bonita com o apelo para que o primeiro voto seja antirracista. Provocamos  a juventude negra a tirar o título para votar a partir de espírtito antirracista”. A construção de um país justo passa pela luta antirracista, na avaliação das entidades que levam a frente a campanha. 

Mudar a representação na política

Embora não tenha números precisos, Dougals destaca que a juventude nas periferias é um eleitorado importante e pode ajudar a mudar o resultado das eleições majoritárias como também as proporcionais. “Jovens influenciam os votos dos pais, influenciam os votos dos amigos, influenciam os votos nas redes sociais, já que detêm o domínio da linguagem”, avalia.

Além de influenciar na eleição para o executivo, a campanha também pretende contribuir no aumento da participação de lideranças negras nas casas legislativas. “A cara do Congresso Nacional é sempre a mesma: uma maioria de homens brancos, com muitos privilégios, fazendo política apenas para beneficiar os seus próprios interesses”, diz a coordenadora de Núcleos da Uneafro Brasil Fabíola Carvalho.  Na avaliação dela, o perfil no parlamento impacta diretamente na vida dos brasileiros. “A coisa piorou nos últimos anos e quem sofre as consequências desse descaso é a maioria do povo brasileiro: negras e negros que representam 56% da população!, completa. Para Fabíola, o desafio da campanha é conscientizar as pessoas sobre a importância de mudar a lógica de escolha dos governantes e incentivar o voto antirracista. 

Sobre a Uneafro Brasil

A Uneafro Brasil  é um movimento de cursinhos comunitários, de luta antirracista, antimachista, anti lgbtfóbica e de lutas por direitos sociais coletivos. Com mais de 39 núcleos, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a organização desenvolve um trabalho educacional de base e de formação política direcionados às comunidades periféricas urbanas  “Meu primeiro voto é antirracista”Para mais informações acesse o link

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