‘Odeio preto!’: polícia investiga racismo após confusão em lanchonete

Episódio foi na madrugada desta segunda-feira (31) em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.

FONTEAlice Portes, Anna Beatriz Lourenço e Ester Lima
Portal Geledés

A Polícia Civil do RJ investiga um caso de racismo em uma lanchonete em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O episódio foi no McDonald’s da Rua Artur Rios na madrugada de segunda-feira (31). Parte da discussão foi gravada.

A vítima foi Mattheus da Silva Francisco, de 22 anos. A confusão começou depois que uma mulher, que se identificou como Amanda Queiroz Ornela, disse que a fila do caixa foi furada.

O que foi dito

Mattheus e outros clientes passaram a gravar o bate-boca — o momento exato da suposta primeira ofensa não foi registrado.

  • Mattheus: Agora fala que eu sou preto!
  • Amanda: Preto! Ué, tu é branco?
  • Mattheus: Você me chamou de preto, vai, fala.
  • Outra cliente: Fala da forma que você falou aqui na frente de todo mundo!
  • Amanda: Amanda Ornela, médica, caça aí o CRM.
  • Outra cliente: E racista!
  • Amanda: Racista! Odeio preto. Odeio preto. Sou obrigada?
  • Outro cliente: Você acha que pode ter esse ato de racismo aí só porque você tem dinheiro?
  • Amanda: Racismo não dá cadeia!
  • Outra cliente: Vai perder a noite na delegacia, vai gravar na delegacia, vai ficar gravadinho lá… Sabe por quê? Racistas não passarão!

Em outro momento da discussão, Amanda disse “ser casada com milícia”.

Clientes impediram que ela fosse embora até a chegada da Polícia Militar.

Mattheus prestou queixa na 35ª DP (Campo Grande). Amanda foi conduzida para a delegacia e, num primeiro momento, negou as acusações, mas depois manifestou o desejo de ficar em silêncio.

Mulher não tem registro

Mesmo na delegacia, a mulher insistia em dizer que era médica. “Vão me segurar, tô devendo a ele, beleza, tô errada, show… vamos para a sentença, mas pô, me segurar aqui tá errado”, argumentou.

Um policial perguntou se ela realmente era médica. “Médica psiquiatra, porque para ser psiquiatra tem que ser médica, filho, 8 anos”, respondeu.

Mas o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) disse que não identificou nenhum registro no sistema no nome dela.

O que disse a polícia

A Polícia Civil explicou que as imagens apresentadas foram incluídas ao procedimento. “No entanto, não capturaram a conduta criminosa e sim momento posterior”, destacou. “Funcionários do estabelecimento serão ouvidos e imagens de câmeras de segurança do local foram requisitadas”, emendou.

Assista à reportagem completa

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