Olho no glaucoma: doença silenciosa atinge mais afrodescendentes do que brancos

Olho no glaucoma: doença silenciosa atinge mais afrodescendentes do que brancos

por Francis Juliano

O glaucoma representa uma das maiores causas de cegueira no mundo. Silencioso, na maioria dos casos, pode pegar o paciente em qualquer idade, principalmente na curva dos 40 anos. A forma crônica ou simples do glaucoma é responsável por quase 80% dos casos. De acordo com o oftalmologista Vespasiano Santos, a doença tem outra característica que deve deixar os baianos de olhos mais abertos. Um estudo feito na Universidade de Baltimore, no leste dos Estados Unidos, diz que a patologia é quatro vezes mais recorrente entre afrodescendentes do que entre brancos ou caucasianos. O efeito tem a ver com problemas na saída de um líquido chamado de “humor aquoso”, produzido pelo próprio olho. “Em indivíduos afrodescendentes, a pigmentação na saída do líquido é mais comum, o que dificulta a saída dele [líquido] que vai se acumulando dentro do olho. Isso aumenta a pressão intraocular e faz com que as fibras do nervo ótico fiquem destruídas”, explica o oftalmologista Vespasiano Santos em entrevista ao Bahia Notícias. O médico diz que a destruição é “irreversível”. Outra forma da enfermidade é a congênita, a pessoa já nasce com o problema. Essa forma é mais fácil de ser identificada. “A criança aparece com o olho grande e às vezes os pais e avós acham bonito, mas esse olho pode ser patológico”, relata o médico ao se referir à forma secundária da doença. Nestes casos, é recomendada a cirurgia imediata.

Olho no glaucoma: doença silenciosa atinge mais afrodescendentes do que brancos
Olho no glaucoma: doença silenciosa atinge mais afrodescendentes do que brancos

Para pessoas com mais de 40 anos existem colírios que ajudam a tratar a doença. Em geral, são mais caros, com preço em torno de R$ 100. A compensação é que ele pode ser oferecido à população na rede pública. Para ter acesso, a pessoa deve procurar unidades de saúde, como o Hospital Santa Luzia, em Nazaré, ou o Hospital São Jorge, Largo de Roma, e fazer o cadastro para receber o colírio de graça. Nesta segunda-feira (26), é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. A importância da data tem a ver com algo que ainda a população não enxergou bem: a prevenção. “Tanto o baiano como o brasileiro não têm o costume de procurar médico para fazer um chekup. Só procura quando a doença já está instalada”, adverte. Vespasiano ainda reforça que na hora da consulta médica, o paciente deve ficar de olho na pressão do órgão, e não apenas no modelo dos óculos. “Ele tem de exigir que o oftalmologista tire a pressão ocular, que, inclusive, deve fazer parte de qualquer consulta”, orienta. Pelo SUS em Salvador, além das unidades informadas, pacientes podem procurar atendimento para o glaucoma no Hospital das Clínicas, no Canela; ou no IBOPC [Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção da Cegueira], entre outros locais. O médico ainda informa que se o colírio não der jeito, existem tratamentos a laser. No último caso, a cirurgia é recomendada. O que não pode é deixar a pressão do olho ultrapassar 20 milímetros de mercúrio [mmHg].

Olho no glaucoma: doença silenciosa atinge mais afrodescendentes do que brancos

Ainda segundo Vespasiano, que é responsável pelo Serviço de Oftalmologia do Hospital Espanhol, o glaucoma secundário também é decorrente de diabetes, uveíte e catarata. O estudo desenvovido em Baltimore estima que 60,5 milhões de pessoas apresentam glaucoma no mundo, mas o número deve aumentar para 80 milhões até 2020. O envelhecimento também é uma das causas do aumento do doença, mas a passagem do tempo não deve impedir que o problema seja melhor enxergado.

 

 

Fonte: Bahia Notícias

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