ONGs pedem paridade de gênero e raça para a COP30 no Brasil

Manifesto pleiteia, além de posições de liderança, que políticas climáticas incluam perspectivas sobre as mulheres

FONTEFolha de São Paulo, por Jéssica Maes
Ativistas climáticas protestam contra combustíveis fósseis na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos - Reuters - 12.dez.2023/Thomas Mukoya

Dezenas de organizações ligadas a temáticas ambientais e sociais lançaram um manifesto nesta sexta-feira (8), Dia da Mulher, pedindo que a COP30, a conferência do clima da ONU que deve acontecer em Belém em 2025, tenha paridade de gênero, raça e classe.

O documento foi organizado pelo Observatório do Clima, rede que reúne mais de cem entidades não governamentais, e teve mais de 50 ONGs signatárias.

O texto pede que a diversidade de participantes seja respeitada tanto durante a organização do evento no Pará quanto nas negociações. O documento será entregue pelas ONGs aos ministérios de Relações Exteriores, Meio Ambiente e Mudança Climática e Igualdade Racial.

“Demandamos que as delegações do governo para a COP30 sejam montadas de forma equitativa e adotem medidas concretas para garantir uma representação de mulheres em todos os níveis de participação, considerando o critério de raça, etnia, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos espaços de decisão”, diz.

A manifestação das organizações ecoa uma crítica histórica quanto à disparidade de gênero e raça nos espaços de negociação climática.

Em janeiro, o Azerbaijão, anfitrião da COP deste ano, chegou a divulgar um comitê organizador da cúpula composto apenas por homens. Após críticas, a equipe foi ampliada e algumas mulheres foram incluídas.

“Depois de três COPs sediadas por países em que ser mulher já é algo desafiador —Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão—, o governo brasileiro terá a oportunidade de construir história de maneira genuinamente democrática. Começando pela delegação do Brasil e se estendendo para as negociações, cada vez mais urgentes em respostas abrangentes e efetivas”, afirma em comunicado Isvilaine Silva, integrante do grupo de trabalho de gênero e justiça climática do Observatório do Clima.

O documento das ONGs pede, ainda, a inclusão de perspectivas de gênero em políticas climáticas, investimentos em programas de formação, e igualdade de oportunidades, com a eliminação de barreiras que impedem o acesso de mulheres a recursos.

Além desses pontos, coloca como condições essenciais a transparência nas ações do governo em relação à promoção da paridade e o combate à violência de gênero relacionada ao clima.

As mudanças climáticas impactam desproporcionalmente as mulheres, que são mais expostas à migração, violência, evasão escolar e perda de renda como consequência de eventos extremos.

“Acreditamos que a inclusão plena e a igualdade de participação de mulheres, homens e outras identidades de gênero é essencial para a construção de um futuro resiliente e sustentável para o nosso planeta”, afirma o manifesto.

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