ONU destaca que mulheres são mais afetadas pela fome na América Latina

Levantamento feito pela Organização das Nações Unidas apontou que 42% das mulheres experimentaram insegurança alimentar na América Latina no último ano. Percentual de homens atingidos foi de 32%

FONTEMarie Claire
Mulher retira marmita do restaurante Bom Prato, que vende refeições a preços populares, em Guaianases (Foto: Alexandre Schneider/Getty Images)

Um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) apontou que o cenário da fome e insegurança alimentar na América Latina atingiu seu ponto mais crítico nas duas últimas décadas. O levantamento intitulado Visão Geral Regional de Segurança Alimentar e Nutrição das Nações Unidas também apontou que mulheres são mais afetadas do que homens.

A pandemia de Covid-19, além de uma ameaça para a saúde, também afetou a camada mais vulnerável da sociedade de outras formas. Meses das mais diversas restrições atingiram sobretudo os empregos informais, inclusive levando o Brasil de volta para o Mapa da Fome pela primeira vez desde 2014.

Atualmente a ONU calcula que 59,7 milhões de pessoas estão passando fome na América Latina. O número representa um aumento de 30%, ou 13,8 milhões em números absolutos, desde 2019. Ainda de acordo com o relatório da organização, as mulheres foram mais afetadas por pertecerem a um recorte mais vulnerável da sociedade.

Em 2020, aproximadamente 42% das mulheres experimentaram insegurança alimentar moderada ou grave, em comparação com 32% dos homens. Os números representam um salto na disparidade de gênero de 6,4% para 9,6% durante o primeiro ano da pandemia.

No Brasil também começam a aparecer relatos de pessoas desmaiando de fome em filas de unidades de saúde. Em São Paulo já há relatos de desmaios nas UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Três Corações e também na unidade Jardim Campinas, segundo reportagem do UOL. Na unidade de Jardim Três Corações um jovem de 23 anos relatou que estava sem comer a mais de 24 horas quando desmaiou.

Os relatos se multiplicam por quase toda a periferia de São Paulo, nos bairros São Mateus, São Miguel Paulista, Guaianazes, Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista, Grajaú, M’Boi Mirim, Parelheiros, Jardim Ângela, Pirituba e Perus. O levantamento da fome foi feito pela secretária-executiva municipal de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde, Sandra Sabino.

Pior cenário

O levantamento da ONU também mostrou que a situação crítica na América Latina não atinge todos os países da mesma forma. Os países da América Central são aqueles que estão em uma situação mais desesperadora.

Na Guatemala, por exemplo, cerca de metade da população sofre de insegurança alimentar. Em El Salvador e Honduras, os números atingem cerca de 47% e 46% de suas populações passando fome, respectivamente.

Na América do Sul o país que apresentou o aumento mais drástico de insegurança alimentar foi a Argentina. O relatório aponta que não apenas durante a pandemia, mas nos últimos anos, os hermanos tiveram mais de um terço de sua população tendo acesso limitado aos alimentos. Neste caso, soma-se a pandemia, a prolongada crise econômica e inflação dos últimos anos.

Além da insegurança alimentar um outro tipo de desnutrição também foi apontada pela ONU: a obesidade. De acordo com a organização, cerca de 106 milhões de pessoas, ou um em cada quatro adultos, estão acima do peso na América Latina. O levantamento também mostrou que a obesidade infantil, de forma preocupante, também continua a aumentar.

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