Relatores independentes nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU apontaram que mulheres e meninas são mais vulneráveis à escravidão moderna. O cenário para elas piorou nos últimos anos diante de desafios como a pandemia de covid-19, mudanças climáticas e conflitos armados.
O alerta emitido na última semana aponta para a suscetibilidade de condições degradantes de trabalho análogas ao escravo.
De acordo com os especialistas, liderados por Tomoya Obokata, uma em cada 130 mulheres e meninas no mundo estão sujeitas a situações como casamento infantil forçado, servidão doméstica, trabalho forçado e servidão por dívida.
“Altos níveis de exploração também prevalecem nas cadeias de abastecimento globais, que muitas vezes dependem e reforçam a exploração do trabalho e aprofundam a desigualdade de gênero”, apontam.
De acordo com o relatório, a questão de gênero é central nos riscos de humanos serem “empurrados” para a escravidão moderna. Entretanto, outras questões também permeiam o cenário, como raça, status social, classe; idade, deficiência, orientação sexual e status de migração, entre outros.
Pior para crianças
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cerca de 80 milhões de crianças estão submetidas a trabalhos perigosos, o que é classificado, também, como uma forma de escravidão contemporânea.
“Essas crianças podem estar trabalhando mais horas ou em piores condições em decorrência da recessão econômica e do fechamento de escolas causados pela pandemia”, afirma a ONU em nota.
Ação contra o trabalho escravo
Diante dos dados, a ONU cobra que os Estados membros atuem para solucionar os problemas. “Estabelecerem vias de migração seguras, junto com um acesso mais fácil ao trabalho decente e mais cooperação com o setor empresarial, organizações da sociedade civil e sindicatos (…) Para eles, a responsabilização dos perpetradores deve ser reforçada e tratada como uma questão prioritária, visto que atualmente a impunidade prevalece em muitos casos”.
Por fim, os especialistas afirmam que “a escravidão, em todas as suas formas, precisa acabar para todos, incluindo mulheres e crianças em contextos de conflito armado. A escravidão é uma vergonha para a humanidade que no século 21 não pode ser tolerada”.