Pacto pelo Esporte 2021 debate o racismo: “Pouco se avança no combate à impunidade”

FONTEGlobo Esporte
Painel sobre racismo teve participação de Flávia Oliveira, Aline Pellegrino, Diogo Silva e apresentação de Thiago Oliveira — Foto: Reprodução/GE

O Pacto pelo Esporte 2021 apresentou nesta quinta-feira a mesa de debate “Vidas negras importam: o racismo tem que parar”. Apresentado por Thiago Oliveira, o painel virtual contou com a participação de Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas da CBF, Diogo Silva, campeão pan-americano de taekwondo e membro da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB), e Flavia Oliveira, comentarista da Globo.

O primeiro tópico discutido pelos integrantes do painel foi a dificuldade que os atletas têm de se posicionar diante de temas sensíveis, como o racismo, por medo de sofrer revide.

– Historicamente há um processo de retaliação no Brasil aos atletas que se posicionam contrários às posições dos times e dos clubes. (…) Se uma questão disciplinar pode bloquear o salário de um atleta, imagina se ele começar a se articular, se posicionar e reivindicar direitos. O atleta brasileiro passou a ter medo de reivindicar. (…) O atleta tem direito de competir e ter resultado, mas não tem direito a voto, a reivindicar. Ele como cidadão não tem sua cidadania respeitada dentro da classe – disse Diogo.

Aline Pellegrino complementou o pensamento lembrando de seu papel como capitã da seleção brasileira feminina de futebol muitas vezes se sentia sozinha ao fazer reivindicações, algo diferente do que é observado em países como os Estados Unidos e com ícones do esporte mundial, como Naomi Osaka, Lewis Hamilton e LeBron James.

– A diferença que eu sinto é que quando estes atletas se posicionam a sociedade vem junto, e eles de fato têm voz. No Brasil parece que a gente fica esperando o Diogo, a Aline, a Flávia serem quem vai resolver nossos problemas. Ainda sinto que nossa sociedade hoje entende que o racismo não existe. Passa a ser delicado discutir um assunto que a sociedade que não acredita que seja um problema no Brasil.

– Eu fui capitã muito anos e a gente sente que as atletas sentem medo da retaliação. Você vai, põe a cara para bater, e quando você olha para trás você não tem mais aquela retaguarda. Isso gera um ciclo vicioso no sentido de não se posicionar. Nos EUA entendem que existe racismo, e os esportistas entendem que têm voz.

Sobre as ações de combate ao racismo no esporte, a comentarista Flávia Oliveira fez uma analogia pontuando que as campanhas educativas são o primeiro degrau de uma escada. Mas que é preciso avançar principalmente em duas frentes: nas punições e nas ações afirmativas.

– Pouco se fala e se avança de combate à impunidade dos crimes raciais e de racismo, e o esporte é tomado de ofensa, de injúria, de racismo pelas torcidas, por alguns jogadores, dirigentes, técnicos, tem um eixo da punição que é igualmente pedagógico e pouco acessado. O outro eixo é o da atitude positiva, a ação afirmativa, no sentido do que a gente precisa fazer para construir uma sociedade mais igualitária, com medidas para acolher pessoas negras, dar oportunidades. No caso do futebol, para técnicos e dirigentes.

O Pacto Pelo Esporte é uma inicaiva que busca questionar e debater as questões da gestão esporiva no Brasil. Além disso, visa conectar intituições importantes no mundo do esporte brasileiro e, atualmente, conta com 33 signatários.

 

 

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