Pai de uma das mulheres mortas em ação policial no Curuzu critica PM e lamenta: ‘Não vai trazer a vida da minha filha’

Viviana Soares, de 40 anos, era manicure e deixa um filho de 10 anos. Outra vítima foi identificada como Maria Célia de Santana, de 73 anos; casos ocorreu na noite de sexta, em Salvador.

FONTEDo G1
Viviane e Maria Célia morreram após ser baleadas no Curuzu (Foto: Arquivo pessoal/Arte G1)

“As corporações estão cheias de despreparados, atirando de tudo quanto é jeito. E agora? Como fica essa vida que se foi? Duas vidas que se foram”. O desabafo emocionado é de Jair Pedreiro, pai de Viviane Soares, de 40 anos, uma das duas mulheres mortas na noite de sexta-feira (4), no Curuzu, bairro da Liberdade, em Salvador, durante ação policial. A outra vítima foi identificada como Maria Célia de Santana, de 73 anos.

Jair questionou a atuação dos policiais militares, durante perseguição a suspeito, e afirmou que registrará queixa na corregedoria da corporação.

“Vou na corregedoria para ver como vai ficar. Não vai trazer a vida da minha filha, não. Minha filha não me deu desgosto. Minha filha corria atrás: trabalhava, fazia unha, fazia faxina. E agora, como é que fica essa situação?”, falou.

Motoboy Jorge Pereira criticou ação (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Testemunhas contaram que policiais militares perseguiam um homem em um carro branco, na Rua dos Pinhais, na localidade do Curuzu. Ao tentar fugir, o suspeito bateu com o carro em um caminhão que estava estacionado e saindo correndo a pé. Foi neste momento que, segundo os moradores, os policiais começaram a atirar e atingiram as duas mulheres, que estavam no local.

“Eles acabaram atingindo as duas, pela falta de preparo deles. Porque não havia nenhum motivo, porque era apenas um bandido, segundo eles. E eles dispararam sem ter para quê. A gente está bastante incomodado, porque o tempo todo os bairros periféricos sofrem esse tipo de abuso policial. Sempre fica impune”, falou um morador que não quis se identificar.

O motoboy Jorge Pereira, que também testemunhou a ação, também criticou a abordagem dos policiais.

“Só tinha uma pessoa dentro do carro. Eles não chegaram para abordar o carro, já chegaram atirando. Mataram duas mães de família, e agora deixa essa tristeza na rua”, disse.

Jeferson Conceição, namorado de Viviane — Foto: Reprodução/TV Bahia

O namorado de Viviane, Jeferson Conceição, relata que está difícil de acreditar no que aconteceu.

“Hoje comprei o presente para ela de Dia dos Namorados. Não estou acreditando ainda. Está passando muita coisa na minha cabeça. Acho que só vou acreditar quando eu ver”, disse.

Em nota, a Polícia Civil informou que a 3ª DH/BTS investiga as mortes de Viviana e Maria Célia. A corporação disse que, conforme informações iniciais, o fato ocorreu durante o confronto entre um criminoso e policiais militares, que atendiam uma ocorrência sobre um carro roubado. O veículo roubado foi periciado, capsulas foram coletadas no local e outras perícias foram solicitadas. Guias de remoção também foram expedidas.

A produção entrou em contato com a Polícia Militar, para buscar um posicionamento sobre os relatos dos moradores, mas até a última atualização desta reportagem, não foi respondida.

Mortes no Curuzu

Viviane e Maria Célia estavam na porta de casa, quando foram baleadas. Elas foram levadas para o Hospital Ernesto Simões, mas não resistiram aos ferimentos. Viviane deixa um filho de 10 anos.

Na noite de sexta, a Polícia Militar confirmou um pedido de apoio de guarnições e viaturas da 37ª Companhia Independente foram até a Rua Conteda, no Curuzu, mas não deu outros detalhes.

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