Pai relata racismo de policiais contra filha: ‘De quem roubou o celular?’

Matheus Barros relatou caso de racismo contra sua filha, Amanda, que é negra Imagem: Reprodução/Instagram

Um pai relatou um caso de racismo envolvendo sua filha, que é negra, durante uma abordagem policial em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, na semana passada. Matheus Barros publicou um vídeo relatando o ocorrido, viu a publicação ter quase 50 mil visualizações, e a Polícia Militar do Rio de Janeiro investiga o episódio. Amanda, de 21 anos, prefere não se manifestar por enquanto.

De acordo com Barros, policiais abordaram Amanda no Morro da Cordoeira e perguntaram: “de quem você roubou esse celular?”, sobre o aparelho celular que ela carregava. Enquanto isso, o pai dela pegava doações para a missão na qual trabalha.

“Quando peguei ela de volta, ela estava um pouco chocada, falando comigo que foi parada por homens da Polícia Militar e que esses homens abordaram ela, revistando a, o que já é estranho, porque, até onde se sabe, a revista de homens e mulheres não deveria ser da forma que foi. E ela tinha um celular, que, aqui em casa, a gente batalhou com muito sacrifício para conseguir comprar no meu cartão em algumas vezes. Ela está ralando para caramba, está fazendo cachepô para conseguir pagar esse celular”, disse.

“Ela estava com o celular novo, e eles indagavam ela dizendo ‘de quem você roubou esse celular?’. Ela teve que abrir conversas para mostrar que não roubou, para mostrar o pedido que eu fiz pela internet. Ela teve que mostrar o cachepô que estava fazendo. Foi duvidada do início ao fim a colocação dela”, acrescentou.

Após o episódio, Barros pensou em ir para o 11º Batalhão da Polícia Militar do Rio, em Nova Friburgo, mas decidiu divulgar o caso nas redes sociais. “A questão é que existe corporativismo que não vai fazer com que isso ecoe muito longe. Mas aí eu lembrei que tem a mídia. Estou gravando esse vídeo mais como uma maneira de denúncia do que aqui em Nova Friburgo a gente tem passado, de uma jovem negra, que arrumada, indo para o discipulado para aprender a Bíblia, tem que enfrentar por uma polícia covarde, um sistema racista.”

“É uma vergonha. Que Deus tenha misericórdia de nós, mas também dessas pessoas que têm tido essa mentalidade. Que Deus tenha misericórdia de tantos outros que talvez não sairão de uma conversa com uma polícia com seu telefone ou quem sabe com a tua vida”, finalizou.

Polícia investiga caso

Um dia depois, o pai de Amanda postou um novo vídeo, desta vez dizendo que foi procurado por representantes do 11º BPM, que o incentivaram a levar o caso adiante. A polícia está investigando o episódio. Naquele mesmo dia, Barros e Amanda prestaram depoimento. Já nesta quinta-feira (10), ele e a filha prestarão um novo depoimento.

Em nota, a “Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar esclarece que a Corporação, como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros”.

A Secretaria de Estado da PM do Rio declarou que “o comando do 11º BPM (Friburgo), assim que tomou conhecimento dos vídeos, determinou imediatamente a instauração de um procedimento para apurar as circunstâncias do fato”.

“Quero que a gente pense sobre a maldade do ser humano. Aqueles caras que fizeram aquela abordagem são tão pecadores quanto eu, quanto você. Mas a gente precisa não silenciar diante do mau. Mas, por meio da correção, talvez, acreditar que Deus pode transformar o coração dos maus em bons. Longe de nós achar que somos os bons nessa história, mas a gente precisa falar. Esse foi o objetivo de tudo isso. A Amanda é uma, tem milhares de Amandas”, declarou o pai de Amanda.

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