Para lembrar os 70 anos de Bob Marley, Ponto de Equilíbrio faz show inesquecível no Circo Voador com direito a uma música inédita!

FONTEPor Heloisa Tolipan, do Heloisa Tolipan
Bob Marley em sua passagem pelo Brasil em 1980 Foto: Luiz Pinto / Infoglobo

* Com Yuri Hildebrand

Na comemoração dos 70 anos que Bob Marley faria no último dia 6 caso ainda estivesse vivo, nada melhor que uma festa ao som de sua música. E, no incomparável Circo Voador, o espírito daquele que foi fundamental para a agora já difundida cultura rastafári, se fez presente não somente através das melodias, linhas vocais e rufos do reggae, mas também da energia passada através dos responsáveis pela festa. A banda Ponto de Equilíbrio, uma das principais representantes do estilo rasta no Brasil, fez seus próprios arranjos para as músicas do lendário aniversariante e ainda deu uma palinha do que virá por aí: com a música “Fio da Fé”, apresentou ao público a sonoridade que estará no próximo CD, já encaminhado para meados de 2015.

“É uma vontade antiga, pois nós aprendemos a curtir o reggae por influência de Marley”, diz o baixista da banda,Pedro “Pedrada” Caetano, com exclusividade ao HT. Em turnê com esse espetáculo desde o início do mês passado, o grupo segue com a ideia até maio, quando dará total atenção à finalização do quarto álbum de estúdio. Pedrada também fala sobre a relação do Ponto com o Camping Jamaica, no místico distrito de Sana, em Macaé. “A nossa história começou lá. Nos conhecemos e começamos a tocar em alguns shows com o proprietário do camping,Macandau, que até participou do nosso DVD (“Juntos Somos Fortes”, 2013) e é um grande amigo nosso”. Outra novidade apresentada pelo baixista foi a proposta de turnê nos EUA, projetada para abril. Apesar de não estar confirmada, ele promete: “Estamos mentalizando positivamente!”. Um dos tecladistas da banda, Tiago Caetano, também fala ao site e sobre o novo CD, que está praticamente pronto: “Nossos fãs podem esperar um 2015 repleto de novidades. Nós estamos buscando uma mistura de gêneros: SKA, DUB e R&B são alguns que podem aparecer nas novas melodias”.O ambiente no Circo Voador era puro reggae. No toldo ao lado do bar, a venda de camisas da banda era acompanhada pelo pessoal do Coletivo Seiva, que oferecia artigos artesanais que iam desde anéis e pulseiras a pequenos quadros – todos relacionados à cultura rasta, é claro. Além disso, os alto-falantes estouravam com música jamaicana, o que deixava o ambiente ainda mais agradável e servia como pano de fundo para o público socializar tranquilamente enquanto o show não começava. Mais ou menos às 00:30, o Ponto subiu ao palco, mas sem seu vocalista, Hélio Bentes. Com um instrumental muito bem bolado – e uma forte pegada DUB –, a banda começou com “Tree little Birds” e “One Love”, seguidas por “Buffalo Soldier” e “Concrete Jungle”, ao que o vocalista já se fez presente, para delírio geral. Como prometido e previsto, a setlist era exclusivamente de músicas assinadas por Bob Marley.

A homenagem seguiu com a apresentação do Nayambing, uma espécie de “som do coração” ou “aquilo que vem de dentro”. “Sem Nayambing, sem reggae!”, gritou Bentes, puxando “Rastaman Chant” e exaltando a figura do aniversariante: “Aplaude aê! Viva Robert Nesta Marley!”. Como todo bom grupo do estilo jamaicano, o Ponto de Equilíbrio improvisou com bastante delay nos teclados e groove na bateria, enquanto o clima de paz se instalava na lona mais famosa do Rio de Janeiro. Quando “Get Up, Stand Up” começou, o público se entregou de vez: todos haviam atingido o ponto de equilíbrio, o que transformou o momento em hora certa para dar uma pausa e deixar a plateia ansiosa por mais.

Voltando ao palco, o grupo tocou “Soul Rebel” em uma interessantíssima transição para sua versão em português, que os músicos já costumam tocar em seus shows. Antes de entrarem na parte autoral da noite houve ainda “Could you be loved” e “Exodus”, com Hélio perguntando: “Vocês querem mais Bob Marley?”. O público foi enfático na resposta: “Ponto!!!”. Mas ainda não era hora de parar a homenagem. Com “Redemption Song”, a banda tranquilizou o povo e fez a platéia cantar em uma só voz.

Finalizada a cantoria em torno do espírito de Marley, o Ponto de Equilíbrio resolveu mostrar seus próprios trabalhos. Com “Novo dia”, os músicos animaram os fãs que ansiavam por esse momento – as músicas da banda, montadas em torno do cotidiano brasileiro, representam muito para aqueles que curtem o reggae nacional. Portanto, quando anunciada a apresentação de “Fio da Fé”, faixa até então inédita e com lyric-video encaminhado para depois do carnaval, os presentes foram ao delírio e aplaudiram de pé. Do álbum Dia após dia lutando”, tocaram “Malandragem às avessas”, que conta com participação de Marcelo D2, iniciando uma dura crítica ao personagem do “falador”, seguindo com o sucesso “Aonde vai chegar? (Coisa Feia)”: “Aqui no palco não tem nenhum padre, pastor ou líder! Todo aquele que é abençoado também pode abençoar”, proclamou Hélio Bentes. Fechando o inesquecível show, mais uma do lendário aniversariante: ao som de “Is this love?”, com coro por parte da plateia e exaltação da imagem do homenageado. A banda ainda agradeceu ao público com a música “Positive Vibration”, dessa vez em gravação na voz do próprio Bob Marley, enquanto eles abandonavam o microfone e cantavam à capella junto dos presentes.

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