* Com Yuri Hildebrand
Na comemoração dos 70 anos que Bob Marley faria no último dia 6 caso ainda estivesse vivo, nada melhor que uma festa ao som de sua música. E, no incomparável Circo Voador, o espírito daquele que foi fundamental para a agora já difundida cultura rastafári, se fez presente não somente através das melodias, linhas vocais e rufos do reggae, mas também da energia passada através dos responsáveis pela festa. A banda Ponto de Equilíbrio, uma das principais representantes do estilo rasta no Brasil, fez seus próprios arranjos para as músicas do lendário aniversariante e ainda deu uma palinha do que virá por aí: com a música “Fio da Fé”, apresentou ao público a sonoridade que estará no próximo CD, já encaminhado para meados de 2015.
A homenagem seguiu com a apresentação do Nayambing, uma espécie de “som do coração” ou “aquilo que vem de dentro”. “Sem Nayambing, sem reggae!”, gritou Bentes, puxando “Rastaman Chant” e exaltando a figura do aniversariante: “Aplaude aê! Viva Robert Nesta Marley!”. Como todo bom grupo do estilo jamaicano, o Ponto de Equilíbrio improvisou com bastante delay nos teclados e groove na bateria, enquanto o clima de paz se instalava na lona mais famosa do Rio de Janeiro. Quando “Get Up, Stand Up” começou, o público se entregou de vez: todos haviam atingido o ponto de equilíbrio, o que transformou o momento em hora certa para dar uma pausa e deixar a plateia ansiosa por mais.
Voltando ao palco, o grupo tocou “Soul Rebel” em uma interessantíssima transição para sua versão em português, que os músicos já costumam tocar em seus shows. Antes de entrarem na parte autoral da noite houve ainda “Could you be loved” e “Exodus”, com Hélio perguntando: “Vocês querem mais Bob Marley?”. O público foi enfático na resposta: “Ponto!!!”. Mas ainda não era hora de parar a homenagem. Com “Redemption Song”, a banda tranquilizou o povo e fez a platéia cantar em uma só voz.
Finalizada a cantoria em torno do espírito de Marley, o Ponto de Equilíbrio resolveu mostrar seus próprios trabalhos. Com “Novo dia”, os músicos animaram os fãs que ansiavam por esse momento – as músicas da banda, montadas em torno do cotidiano brasileiro, representam muito para aqueles que curtem o reggae nacional. Portanto, quando anunciada a apresentação de “Fio da Fé”, faixa até então inédita e com lyric-video encaminhado para depois do carnaval, os presentes foram ao delírio e aplaudiram de pé. Do álbum “Dia após dia lutando”, tocaram “Malandragem às avessas”, que conta com participação de Marcelo D2, iniciando uma dura crítica ao personagem do “falador”, seguindo com o sucesso “Aonde vai chegar? (Coisa Feia)”: “Aqui no palco não tem nenhum padre, pastor ou líder! Todo aquele que é abençoado também pode abençoar”, proclamou Hélio Bentes. Fechando o inesquecível show, mais uma do lendário aniversariante: ao som de “Is this love?”, com coro por parte da plateia e exaltação da imagem do homenageado. A banda ainda agradeceu ao público com a música “Positive Vibration”, dessa vez em gravação na voz do próprio Bob Marley, enquanto eles abandonavam o microfone e cantavam à capella junto dos presentes.