Parem de matar as mulheres – Por: Fernanda Pompeu

Em mais de 180 posts que escrevi para este Mente Aberta, sempre tentei enxergar o positivo nas dificuldades. O efeito criativo em todas as coisas. Sou da turma que vê num copo com líquido pela metade, um copo meio cheio. Nunca, meio vazio. Mas existe um tema, fato, realidade que anemiza meu robusto otimismo: a quantidade de mulheres que são mortas por ex-namorados ou atuais. Ex-noivos ou atuais. Ex-maridos ou atuais.

Ando farta das séries americanas, notadamente os CSIs – Miami, New York, Las Vegas, Los Angeles -, que desfilam pedaços de cadáveres majoritariamente femininos. Mas o pior é no mundo real. Matam-se mulheres com facadas, tiros, queimaduras, enforcamentos, afogamentos, pauladas. Um terror sem fim! Acontece na populosa Praia Grande e em seletos resorts. Em um cafofo no Complexo da Maré e numa cobertura em Ipanema. A maioria das vítimas nem viram notícias de jornais, senão eles não teriam espaços para outras misérias.

De nada interessa o motivo do crime, pois matam mulheres infiéis e fiéis, ricas e pobres, negras e brancas, bonitas e feias, gordas e magras, doutoras e analfabetas. Uma sangueira que deve arrancar lágrimas da Virgem Maria, Yemanjá, Durga, Pacha Mama, Minerva, Afrodite. Grande parte dos assassinos matam por crer que são proprietários da vida de uma mulher. Da mesma forma que um cara é dono de um Rolex, uma marmita, um skate, um Ipad.

Estou enjoada de homens que matam mulheres deixando filhas e filhos órfãos da mãe e da esperança. Enjoada de rapazes que não suportam serem rejeitados. Pois quem disse que na vida só se ganha? Se perde também. E muito! O valor está em sossegar o coração e seguir. O não tem três letras como o sim. Eliminar a moça ou a senhora do não em nada mitigará a dor. Ao contrário, transformará a pontada aguda em agonia crônica e continuada.

Aqui vai um apelo: parem de assassinar as mulheres! Engulam seus ciúmes, seus recalques, suas machezas. Nós mulheres – em quaisquer circunstância, corpo, idade – não somos objetos e nem propriedades de quem quer que seja. Temos sinal verde para existências tortas, retas, maldosas, caridosas. Temos direito a viver a vida!

Fonte: Yahoo

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