Com a oferta de emprego em alta, muitas domésticas decidiram mudar de profissão. ‘Está acontecendo uma modernização’, diz Hélio Zylberstajn.
No G1
A pesquisa do IBGE sobre o mercado de trabalho mostrou que o número de empregados domésticos diminuiu. E essa redução tem provocado mudanças bem visíveis, na sociedade brasileira.
Elânia foi para São Paulo em 2010 para trabalhar como empregada doméstica, mas já vai mudar de profissão. Quando terminar o curso de maquiadora, espera ganhar mais e voltar a morar com a filha que deixou em Alagoas.
“Deixando de ser empregada doméstica e ser maquiadora, que é uma coisa que eu amo, eu acho que eu vou poder trazer a minha filha para ficar comigo”, diz a doméstica Elânia Silva de Farias.
O número de empregadas domésticas no país está diminuindo. A Pesquisa Mensal de Emprego, feita pelo IBGE, mostrou que – nas seis regiões metropolitanas analisadas – o total de pessoas ocupadas aumentou 20% entre outubro de 2004 e outubro de 2014. Nesse período, o número de pessoas que trabalham como domésticas caiu 10%.
O resultado da pesquisa não significa que as empregadas domésticas estão ficando sem trabalho. Pelo contrário, esse foi o setor que apresentou a menor taxa de desocupação no mês passado: 1,5%, enquanto o índice geral foi de 4,7%.
“As empregadas elas vêm aqui, se elas são dispensadas em menos de um mês ela já arruma serviço”, conta Daniela Ferreira da Silva, advogada do Sindomésticas.
Com a oferta de emprego em alta em todos os setores, muitas domésticas decidiram mudar de profissão. Luiza veio da Bahia com 17 anos. Antes de ser confeiteira, trabalhou em casa de família. Foi a única opção que encontrou na época. Até que sentiu que era o momento de mudar de vida.
“Foi um momento de eu crescer, né? E buscar outros horizontes”, diz Maria Luiza Souza Goes, confeiteira.
Quem não mudou de profissão também está ganhando. Entre 2012 e 2013, o salário médio dos trabalhadores da Grande São Paulo caiu 0,5%. O das domésticas subiu 10%.
“Eu diria que está acontecendo uma modernização no nosso mercado de trabalho. Com a expansão do emprego em geral, as moças que são empregadas domesticas passaram a ter outras oportunidades em abundância”, explica Hélio Zylberstajn, professor da FEA-USP.
O professor Hélio vê, nessas estatísticas, uma oportunidade histórica para mudar também o comportamento da sociedade. E da família que se sente dependente de empregados domésticos.
“Ela tem que se organizar, o marido tem que começar a ajudar, as crianças têm que arrumar as suas camas, porque esse é o mundo que está chegando aqui. Finalmente”, afirma Hélio Zylberstajn.
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