Pesquisador encontra fotos raras de Machado de Assis

Academia Brasileira de Letras/Divulgação

Claudio Soares fez descoberta durante processo de escrita do livro Encantados!

Do Jornal do Brasil 

O escritor Machado de Assis em destaque, à direita, no registro de agosto de 1906

Escritor, editor e CEO da Biblioteca Digital Cidade Livro, Claudio de Souza Soares fazia, no início de outubro, pesquisas na hemeroteca da Biblioteca Nacional para seu livro Encantados!, que trata de aspectos curiosos da vida e da morte de dez autores clássicos brasileiros, quando se deparou com uma foto rara de Machado de Assis. O pesquisador vai além: “Inédita para a nossa geração. É bem possível, aliás, que ela seja inédita para várias gerações anteriores à nossa”.

Claudio Soares, que assina como C.S. Soares, lembra que recentemente duas outras fotos “inéditas” foram descobertas com Machado de Assis. Na primeira, o escritor preside uma sessão da Academia Brasileira de Letras. Na segunda imagem, que faz parte da Brasiliana Fotográfica, parceria da Biblioteca Nacional com o Instituto Moreira Salles, o “Bruxo do Cosme Velho” aparece na  missa campal de ação de graças pela Abolição da Escravatura no Brasil em 17 de maio de 1888.

Edição de O Malho com a foto do escritor

“A descoberta me deixa contente, claro, mas não posso deixar de observar que é incrível que mesmo 108 anos após a morte de Machado, ainda saibamos pouco sobre um personagem tão importante na história desse país, afinal Machado é, inegavelmente, o maior dos escritores brasileiros. Isso mostra que nós brasileiros ainda temos um relacionamento muito irregular com a nossa própria História”, analisa Soares.

Após um levantamento, o pesquisador descobriu que a foto, que aparece na edição do jornal O Malho de 11 de agosto de 1906, foi tirada durante uma recepção no antigo Hotel das Paineiras em homenagem ao sr. Elhiu Root, advogado e político norte-americano, que em 1912 seria agraciado com o Nobel da Paz.

“Naquele ano, Root era Secretário de Estado dos Estados Unidos e viajou ao Brasil para presidir a III Conferência Pan-Americana no Rio de Janeiro, em uma época em que visitas de autoridades estrangeiras eram raras no país. Na foto se destacam além do estadista americano, personalidades como o diplomata Lauro Severiano Muller, o embaixador dos EUA no Brasil Lloyd Griscom, Joaquim Nabuco e, claro, Machado de Assis”, explica o pesquisador.

No processo de pesquisa do livro, C.S. Soares encontrou mais uma foto de Machado, desta vez num registro de dois anos depois. A imagem mostra o escritor, que morreu em 29 de setembro de 1908, no caixão. A foto, segundo o pesquisador, é pouco conhecida pela maioria dos leitores e foi tirada durante o velório, no antigo prédio do Silogeu Brasileiro, primeira sede da Academia Brasileira de Letras.

“Mesmo tanto tempo depois de sua morte, Machado de Assis e seus mistérios parecem continuar inesgotáveis”, reflete Soares, que ainda não tem data para lançar o livro sobre escritores brasileiros e já é autor de biografia sobre Santos-Dumont, editada para a Imprensa Oficial para a Academia Brasileira de Letras.

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