PM mata jovem negro por roubo de celular que esqueceu no próprio carro

De acordo com testemunha, o cabo Silvio Pereira dos Santos Neto aparentava estar embriagado e cobrou Clayton Abel de Lima pelo aparelho. O jovem respondeu que não sabia e foi alvejado

FONTEPor Julinho Bittencourt, da Revista Fórum
GETTY IMAGES

PM mata jovem negro por roubo de celular que esqueceu no próprio carro, saiba mais a seguir:

PM mata jovem negro

O cabo da PM Silvio Pereira dos Santos Neto, 29, foi preso em flagrante no sábado (7) após matar Clayton Abel de Lima, 20, num bar na região de Vila Medeiros, na zona norte da capital paulista. Neto acusou Clayton de ter roubado seu celular que foi encontrado, após o crime, no carro do PM. A reportagem é de Jeniffer Mendonça, na Ponte.

Após o disparo que matou Clayton, dois PMs que foram atender a ocorrência afirma que encontraram Silvio Neto “agitado”, “aparentando estar embriagado”, e que teria dito a eles que tinha sofrido uma tentativa de roubo e que reagiu contra o suspeito.

O dono do estabelecimento conta que presenciou uma discussão entre os dois, que estariam embriagados.  Silvio questionou a Clayton onde estava seu celular, que respondia não saber. O cabo ainda teria ido até o dono e também perguntado sobre o aparelho, que disse desconhecer. Depois, viu Silvio retornar ao fundo do bar e ouviu um disparo.

O dono afirma que correu e viu Clayton caído no chão e que tirou a arma das mãos do cabo e a descarregou. Silvio tentou pegá-la de volta e apresentou sua carteira funcional de policial militar, mas o homem não a devolveu. A testemunha disse que pediu para pessoas no local chamarem o resgate e a polícia. Quando os PMs chegaram, entregou a eles o revólver calibre 357.

O carro de Silvio, que estava estacionado na mesma rua, a poucos metros do local, também foi periciado. Nele, estavam um cartão do SUS e um comprovante de banco em nome de Clayton, além do aparelho celular do cabo.

Silvio foi indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). De acordo com o delegado Ricardo Lemes de Araujo, do DHPP, ele “não estava confinado em situação de perigo que justificasse reação imoderada e desproporcional, consistente em disparar contra indivíduo desarmado, o levando a óbito no local”.

Araujo também pediu a prisão de Silvio, que foi convertida em preventiva (sem prazo determinado) em audiência de custódia. O cabo está no Presídio Militar Romão Gomes.

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