Policiais festejam violência e incentivam a omissão: “que vire um inferno”

Integrantes de comunidade formada por militares usam as redes sociais para insuflar a Operação Tartaruga e incentivar os colegas a atrasar o atendimento das ocorrências. Secretário de Segurança admite preocupação com o aumento da violência

Saulo Araújo
Renato Alves

 

Outdoor, como o colocado no Paranoá, foi fixado em quatro cidades: cobrança contra o governo, mobilização por reajuste salarial e chamado para assembleia geral de policiais e bombeiros em 13 de fevereiro

Policiais militares têm comemorado, em troca de mensagens na internet, a escalada da violência no Distrito Federal, em especial no Plano Piloto e nos lagos Sul e Norte. Eles destacam os recentes assaltos à mão armada em casas e ao comércio. Torcem para que a situação piore. E insuflam os colegas a deixarem de atender ocorrências e até a faltar ao trabalho apresentando atestados médicos, mesmo sem qualquer doença ou lesão. Tudo para fortalecer a Operação Tartaruga, deflagrada há dois meses. Pretendem, por meio dela, aumentar a sensação de insegurança na sociedade e pressionar o governo a dar aumento salarial e outros benefícios à categoria, detentora do segundo maior vencimento do país e das melhores condições de trabalho, incluindo equipamentos e escalas de serviço e folga.

O Correio teve acesso a um grupo de discussão em uma rede social formado apenas por quem se diz PM ou bombeiro do DF. Nele, aparecem comentários agressivos daqueles que deveriam zelar pelo bem-estar do cidadão brasiliense. Alguns não economizam nas ameaças e nas agressões verbais, principalmente a quem vive nas áreas mais nobres. “Este pessoal da Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste, Lago Sul e Norte só sabem (sic) cobrar trabalho da PM, por que não cobram também um salário digno ao policial, um plano de carreira decente, que motive o PM a trabalhar??? Quero mais é que vire um inferno Brasília, f…-se estes bacanas do Plano!”, ataca um internauta, sob o pseudônimo Xingu.

O mesmo internauta incentiva os militares a apresentarem atestados de saúde falsos para faltar ao trabalho e, assim, diminuir o contingente nas ruas. “Eu continuo na minha operação tartaruga particular. (sic) esta semana mesmo meto mais 30 dias de atestado.” Outro, identificado somente como “A Cara da PM”, destaca os casos recentes de roubo no Plano Piloto. Diz que, só assim, os militares conseguiram o que querem: “…Tartaruga forte no Plano Piloto, só assim venceremos…”. Outro anônimo, que assina apenas como “?????????”, festeja o caso de um homem de 23 anos baleado duas vezes na barriga durante um assalto a uma loja, em um posto de combustíveis, na 307 Sul, em 19 de janeiro.

PMs e bombeiros também criam sites para difundir a Operação Tartaruga, atacar a sociedade e afrontar o comando. Um deles, intitulado Rede Democrática PM e BM, lançou o projeto Multa zero 2014. Os administradores da página pedem aos colegas policiais para não multarem nenhum motorista até que o GDF ceda e atenda as reivindicações da categoria. Sem multas, defendem os inventores da campanha, os PMs ganham a simpatia da população e pressionam o governo com queda na arrecadação.

Fonte: Correiio Braziliense

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