População de bairros pobres e distantes têm menos postos de vacinação em Curitiba (PR)

Moradores têm dificuldades para acesso pela distância e para usar transporte público

FONTEBrasil de Fato, por Ana Carolina Caldas
Seu Pedro: “pessoas que moram em ocupações não têm comprovante de residência e não estão se vacinando” - Giorgia Prates

Regiões populosas de Curitiba têm recebido menos doses da vacina contra o coronavírus e têm dificuldades de acesso. Esse é caso do bairro Tatuquara, que conta com 124.759 habitantes e tem um único ponto de vacinação, a Rua da Cidadania. Essa é uma das disparidades divulgadas recentemente em um mapa da vacinação elaborado pelo mandato da vereadora Professora Josete (PT). “A ideia era fazer um mapa só para ajudar as pessoas na divulgação de locais de vacinação. Porém, nos demos conta da desigualdade no sentido de garantir o acesso à vacina justamente às populações mais vulneráveis.” 

Para ilustrar a situação, Josete apresentou em plenário um mapa com os 21 pontos de vacinação no município, exemplificando o que ocorre na Regional Tatuquara. Junto à limitação de local, está a distância que populações mais vulneráveis precisam percorrer para se vacinar. 

“Uso como exemplo a situação do Caximba, que possui uma das maiores ocupações do município. Ali próximo não existe nenhum ponto de vacinação. É uma população com maior vulnerabilidade, com maior dificuldade deslocamento, muitas dessas pessoas em situação de desemprego pela pandemia. Para chegarem até outro ponto de vacinação, demanda transporte, custos”, explica Josete. 

No mapa, a densidade populacional também não foi considerada, pois há regiões mais populosas que contam com número menor de pontos de vacinação  em comparação com outras regiões menos populosas. 

Muita gente não se vacinou 

Pedro da Silva, morador do Jardim Teresa, no Tatuquara, confirma a dificuldade no acesso à vacinação. “Tatuquara é muito grande. Muita gente daqui não se vacinou porque chega lá, fila enorme, tem que voltar por causa de filhos ou outra coisa, depois não consegue mais voltar porque essa mobilidade tem custo”, diz. 

Outro problema é que as pessoas que moram em ocupações não têm comprovante de residência e não estão se vacinando. “Se a ideia é vacinar todo mundo, tinha que ter menos burocracia ou virem até nós”, afirma Pedro. 

O que diz a Prefeitura 

Em nota, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal da Saúde disse que “os pontos de vacinação são planejados a partir da estimativa do público que será imunizado e do número de imunizantes disponibilizados.

Na Regional do Tatuquara, além do ponto fixo de imunização, há pontos temporários que são abertos quando a estimativa do grupo a ser vacinado é maior. Os agentes de saúde fazem constante monitoramento e busca ativa.

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