Premiê britânico fecha cerco à imigração

Reforma anunciada por Brown restringe a contratação de estrangeiros e impõe limites à concessão de vistos para estudantes

Da Folha de S.Paulo 

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Premiê Gordon Brown anuncia reforma das regras migratórias (Dan Kitwood/Reuters)

Com as novas medidas, escolas, universidades e empresas terão de assumir responsabilidades maiores pelas pessoas que admitirem

O premiê Gordon Brown anunciou medidas para limitar a imigração regular para o Reino Unido e combater a irregular ante o aumento do desemprego no país. Entre os pontos citados estão a limitação dos vistos de estudantes e a punição de empresas que contratarem imigrantes sem papéis.

A decisão vem em um momento em que a entrada de imigrantes no país encolheu 44%, segundo dados referentes a 2008 anunciados pelo premiê.

As medidas, delineadas em discurso ontem sem mais detalhes, visam cidadãos de dentro e de fora da União Europeia. Ao expô-las, o premiê trabalhista entremeou a necessidade de proteger os empregos dos britânicos -sobretudo dos menos qualificados- a uma elegia à cultura e aos “valores” do país.

“As pessoas querem ter a garantia de que os recém-chegados aceitarão as responsabilidades, bem como os direitos, de viver aqui -obedecer a lei, falar inglês, contribuir. As pessoas perguntam se eu entendo. Sim, entendo”, afirmou Brown.

Uma pesquisa recente feita por uma central sindical britânica e citada pelo “Guardian” apontou a imigração como maior motivo de perda de votos do Partido Trabalhista nas últimas eleições. O desemprego no Reino Unido ficou em 7,8 % da população economicamente ativa em setembro.

As diretrizes de Brown têm dois pontos centrais para proteger o mercado de trabalho britânico: restringir o número de profissões que admitem o recrutamento de estrangeiros, privilegiando áreas de alto nível técnico ou acadêmico; e limitar os vistos de estudantes concedidos -porta comum para a imigração irregular.

Não foi batido o martelo, mas a ideia é subir os parâmetros para o tipo de curso para que se pode solicitar visto. Em 2008, 229,6 mil pessoas entraram no país para fazer cursos superiores ou pós-graduação.

Quase o triplo, 600 mil, foi estudar inglês, segundo dados do Conselho Britânico repassados à Folha. Um recurso comum é solicitar o visto para um curso de inglês, e permanecer irregularmente no país em subempregos.

O sistema britânico é de “pontos” -cada imigrante recebe uma pontuação de acordo com sua formação, tempo no país, contribuições etc.
Com as novas medidas, escolas, universidades e empresas também receberão pontos e terão de assumir responsabilidades maiores por quem admitem. Em 2008, 2.200 de 4.000 instituições perderam a licença para receber estrangeiros.

Além disso, quem contratar imigrantes irregulares será punido -não foi anunciado como.

Londres passará a exigir testes de língua e uma prova de noções culturais sobre o país dos novos imigrantes. A permissão de residência permanente deixará de ser automática -será instaurado um período probatório para os que vivem lá por mais de cinco anos.
E o governo investirá no treinamento de trabalhadores britânicos menos qualificados.

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