Public Enemy prega igualdade e união em show em São Paulo

Enviado por / FontePor Caio Ramos, do UOL

Igualdade e união. Foram estas as duas principais mensagens que a banda norte-americana de hip-hop Public Enemy passou em seu show neste sábado (18), em São Paulo. O grupo esteve pela última vez no Brasil em 2011, no festival “Black na Cena”, e não têm outras datas marcadas no país neste ano.

A apresentação inaugurou o espaço de shows do Clube de Regatas Tietê, com 20 mil m² e capacidade para 40 mil pessoas. O Clube havia sido desapropriado pela administração municipal em 2012, com o objetivo de criar um espaço para treinamento de atletas. O projeto foi repensado, no entanto, e o Clube foi transformado pela atual prefeitura em um centro desportivo aberto à população em geral.

Antes da apresentação dos norte-americanos, as cerca de 35 mil pessoas que compareceram assistiram a um show dos rappers brasileiros Rappin Hood e Dexter. Apesar das tentativas da dupla, que pedia que os presentes cantassem e batessem palmas, o público ainda se mostrava desanimado, talvez guardando fôlego para a atração principal.

O show de abertura registrou um dos únicos incidentes relativamente graves da tarde. Durante uma pausa entre as músicas, um rapaz tentou pular a grade que separava o público do palco, pedindo para tirar uma foto com os dois rappers brasileiros, mas foi impedido pelos seguranças. Hood e Dexter desceram então do palco e atenderam o jovem.

Mais de 25 anos de músicas

Além dos fundadores Chuck D e Flavor Flav, e de DJ Lord, que entrou na banda em 1999, o Public Enemy contou com o guitarrista Khari Wynn, o baterista Atiba Motta e o baixista David Reeves.

Momentos antes da apresentação, Chuck D disse ao UOL que o show teria músicas de todas as fases da banda porque “músicas são como filhos e não dá para deixar filhos por soltos por aí”. O rapper também afirmou que a primeira visita do grupo ao Brasil, em 1991, ajudou a introduzir o hip-hop no país.

Com direito à tradicional coreografia de figurantes vestidos com roupas militares, o grupo abriu o show de duas horas de duração com “Lost At Birth”, música do quarto álbum do trio, “Apocalypse 91… The Enemy Strikes Black”, de 1991. O rapper Flavor Flav só iniciou sua participação no show na terceira música, “Get Up Stand Up”.

Chuck D tentava interagir com a plateia em inglês e dizia algumas palavras em português. O público, no entanto, parecia apático neste início, talvez por não conhecer as primeiras músicas. A situação só mudou na quarta delas, “Rebel Without a Pause”. A partir daí, a plateia passou a cantar e pular em praticamente todas as canções.

Um dos destaques do show foi a canção “Hoover Music”, que critica John Edgar Hoover, grande perseguidor dos líderes do movimento negro nos Estados Unidos nos anos 1960. Ao explicar o tema da música, Chuck D disse que não há lugar no mundo em que se sinta tão em casa como o Brasil. Segundo ele, há mais racismo nos Estados Unidos, apesar da eleição de Barack Obama, e São Paulo e o Brasil têm mais igualdade entre as raças. Após a canção, Chuck D pediu: “Mais escolas e menos prisões”.

O ponto alto do show, no entanto, ainda estava por vir, com dois clássicos tocados em seguida: “Bring the Noise” e “Don’t Believe the Hype”, ambos do disco “It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back”, de 1988, considerado o melhor do Public Enemy.

Em muitos momentos, Chuck D e Flavor elogiaram os brasileiros, o hip hop brasileiro e disseram estar honrados de tocar em São Paulo. Chuck dedicou “Fight the Power”, do álbum  “Fear of a Black Planet”, a todos os amantes do hip hop. Durante a música, Flavor Flav desceu do palco e interagiu com o público, para alegria dos fãs e preocupação dos seguranças diante do tumulto.

Em seguida, foi a vez de DJ Lord ter seu momento solo. Ele fez uma sessão com samples de “Seven Nation Army”, do White Stripes, e “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, entre outras músicas.

Na pausa do show logo em seguida, Rapin Hood e Dexter voltaram ao palco para os fãs não desanimarem. Na volta, Chuck tocou gaita e Flavor Flav tocou bateria. Na segunda parte do show, foi a vez de Flavor Flav fazer um discurso de paz e pedir o fim das guerras. “Não importa a cor da sua pele, o seu país, a sua religião. Somo todos iguais. Há uma só raça, a raça humana”.

Reações

“Não tenho palavras para descrever o show. É uma banda clássica, mas mesmo assim, muito atual. E não do rap americano, mas do rap mundial”, afirmou após o show ao UOL, o rapper paulistano Thaíde. “Todos conhecem o Public Enemy. E todo mundo ama. Ou odeia”, comentou.

O público parecia ter opinião semelhante. “Foi um show nota 10”, disse o rapper Xandão, de 42 anos, morador de Parada de Taipas, em São Paulo. “Eu estive no primeiro show deles em São Paulo, nos anos 90, e eles continuam sendo uma banda de muita história”, concluiu.

 

 

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