Racismo à brasileira já estabeleceu suas regras e impôs seus limites

No mês da Consciência Negra, um momento de reflexão

A morte da menina Fernanda Adriana Pinheiro, de 7 anos, na Maré, assim como as mortes do menino Eduardo no Alemão e tantas outras crianças, adolescentes e adultos mortos no estado do Rio de Janeiro, não são resultado somente da política fracassada de Segurança Pública adotada até o presente momento.

Por Mônica Francisco, do Jornal do Brasil 

O Racismo Institucional estruturante das ações que resultam em verdadeiras catástrofes e tragédias como estas, e que vai por conta deste mesmo racismo, não traduzir para a sociedade de modo geral estas ações como inconcebíveis em um outro ambiente que não seja o habitado por pessoas negras e pobres.

A responsabilidade de um cenário cada vez mais nebuloso para o futuro de milhares de crianças como as citadas neste artigo, e da população habitante nas favelas e periferias do estado e também do Brasil, de modo geral, também é da sociedade que desumaniza o seu outro, o seu diferente.

A falta de empatia da classe média branca brasileira, privilegiada pela descendência européia estimulada com políticas públicas de imigração, e incentivos fiscais do Estado Brasileiro para diminuírem a miscigenação e fomentar o embranquecimento dos futuros cidadãos e cidadãs, amplifica o fenômeno da guerra aos pobres e o eleva ao status de genocídio.

Não há outra palavra para a morte de mais de cinquenta mil pessoas de um mesmo grupo étnico (negros e pardos), da mesma faixa etária (14-29), e sobretudo, com as mesmas características de ocupação do espaço das cidades (favelas e periferias), da mesma classe social (C,D,E) e compartilham o mesmo gênero (masculino).

Ou seja, percebe-se um desejo de aniquilamento da possibilidade de futuro e continuidade deste grupo. O racismo à brasileira não precisou e nunca precisará de placas, de leis explicitamente redigidas a cerca de.

O racismo à brasileira já estabeleceu suas regras e já impôs seus limites. Aboliu-se a escravidão, mas os servidores da casta dominante preparam a reparação de seus senhores ressentidos, com a Reforma da Previdência e em seguida a Reforma Trabalhista.

Enfim, o slogan é a arte visual da propaganda oficial do governo federal, amplamente divulgado em todos os veículos de comunicação, nos alertam que de fato nunca fomos um país de todos e todas. Que pena, seríamos imbatíveis!

* Colunista, Pesquisadora, Consultora na ONG Asplande e Membro da Rede de Instituições do Borel

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