Racismo: casos investigados pela polícia aumentam 132% entre 2021 e 2022 em Porto Alegre

Neste ano, até agora, Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância registrou 72 casos de racismo, frente a 31 do mesmo período de 2021.

FONTEPor Jonas Campos, do G1
Portal Geledés

A Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) já registrou 72 casos de racismo em Porto Alegre ao longo de 2022. No mesmo período do ano passado, foram 31 casos – o aumento verificado é de 132%.

A delegacia completa dois anos de atividades em dezembro. No período, centenas de inquéritos foram encaminhados ao Judiciário – a maioria, com indiciamento.

“O que eu acredito é que hoje as pessoas estão mais conscientes e mais encorajadas a denunciar”, diz a titular da DPCI, delegada Andréa Mattos.

Em 2021, o g1 revelou que a Polícia Civil registrava, em média, um caso relacionado à discriminação a cada 30 horas na Capital. Mais da metade dos casos envolvem conhecidos das vítimas de racismo.

“Trabalhei em diversos órgaos e eu nunca fiquei tão assustada com a natureza do que eu lido hoje. Até me emociono um pouco, porque realmente são relatos muito fortes, e me surpreende que estejamos no século 21 e ainda tenhamos que nos deparar com situações de preconceito e de ódio em virtude da cor”, fala a delegada.

Segundo o Movimento Negro Unificado, a maioria das denúncias de racismo registradas no Brasil acontece no RS.

“O Rio Grande do Sul concentra quase 80% dos registros de ocorrências do crime de todo o Brasil. O ato de racismo é crime, dá cadeia. Mas isso é cultural, estrutural na sociedade pelos quase 400 anos de escravização do povo negro. Então, ainda vai levar muito tempo para a gente superar essa mazela”, afirma o coordenador da entidade no estado, Felipe Teixeira.

Caracterizado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como um crime agravado pelo racismo, a morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado em um supermercado da rede Carrefour, completa dois anos neste sábado (19). Na quinta-feira (17), os seis réus do caso foram pronunciados e vão a júri. Para o pai de João Alberto, o filho foi assassinado por racismo: “eu acredito que ele foi morto por racismo”, disse João Batista de Freitas.

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