Racismo em Portugal: “O que está um preto a fazer na polícia?”

Comentários racistas atacam publicação no Twitter com foto de um homem negro fardado para divulgar curso para formação de oficiais. MP investiga

FONTEO Globo, por Gian Amato
Polícia de Portugal é alvo de racismo - Foto: Reprodução/Twitter

A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal é alvo de racismo na internet ao publicar a foto de um negro fardado para divulgar o curso para formação de oficiais.

“Não quero ser racista, mas o que está um preto a fazer na polícia portuguesa?”, escreveu nos comentários da publicação no Twitter um dos perfis identificado como Bernardo.

Os comentários em tom racista se multiplicaram e incluem, entre outras, as seguintes frases:

“Mudamos para África e eu não sabia?”

“Anúncio da PSP… de Moçambique?”

“Parece-me que alguém trocou a foto da polícia e do ladrão”

Também há ataques contra homossexuais e moradores de regiões mais pobres de Lisboa:

“Contratem o pessoal da Amadora e Cova da Moura (regiões de Lisboa) e por aí acaba logo com os crimes. Com esse cartaz apelativo”.

“És gay? Queres tornar-te Oficial da Polícia? Esta é a oportunidade pela qual esperavas Junta-te a PSP ! E verás que é como estares em casa!”.

Em comunicado, a PSP informou que repudia a discriminação racial e enviou o caso para investigação do Ministério Público.

“Foi elaborado auto de notícia, já remetido ao MP, com referência aos fatos apurados até o momento e à informação que se considera ter relevância criminal”, diz a nota.

A PSP também enviou os comentários à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), órgão responsável pelo combate ao racismo.

O Artigo 240 do Código Penal português prevê: “Quem, publicamente, por qualquer meio destinado à divulgação (…) Difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem (…) é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos”.

No entanto, por mais que haja provas, a punição nestes casos on-line é muito difícil porque os perfis e as informações pessoais podem ser falsos.

Mesmo quando o racista é identificado, o processo se arrasta. Por exemplo: somente agora, quase um ano depois, o casal Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso voltou a Portugal para prestar depoimento no caso de racismo sofrido pelos filhos Títi e Bless em Lisboa.

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