‘Racismo homotransfóbico’, diz polícia sobre caso de jovem que levou 17 facadas no DF

Marcas de facadas no corpo do jovem Felipe Milanez, vítima de ataque homofóbico no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

Felipe Augusto Milanez, de 23 anos, foi agredido na saída de uma festa em Brazlândia. Três menores de idade, incluindo adolescente de 15 anos, foram apreendidos.

Por Geraldo Becker, do G1

 

Marcas de facadas no corpo do jovem Felipe Milanez, vítima de ataque homofóbico no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

O esfaqueamento de um jovem de 23 anos na saída de uma festa em Brazlândia, no Distrito Federal, é investigado pela Polícia Civil como “racismo homotransfóbico” – motivado por preconceito racial e de orientação sexual.

O crime ocorreu no dia 7 de outubro, quando o estudante de odontologia Felipe Augusto Milanez levou 17 golpes de faca pelo corpo e foi xingado por um grupo de, pelo menos, dez pessoas.

Segundo o delegado à frente das investigações, Anderson Cavichioli, o caso será encaminhado à Justiça como tentativa de homicídio duplamente qualificado, “tanto pelo motivo torpe, em razão do racismo homotransfóbico, quanto pela impossibilidade absoluta de defesa da vítima.”

 

O delegado Anderson Cavichioli, da 18ª DP em Brasília — Foto: TV Globo/Reprodução

Um dos suspeitos preso na última sexta-feira (8), de 19 anos, negou que as agressões tenham sido motivadas por ódio à orientação sexual da vítima.

“Ele negou homofobia, embora tenha descrito que, durante as agressões, as pessoas chamavam a vítima de ‘viado’, fazendo referência ofensiva e pejorativa à orientação sexual”, disse Cavichioli.

Menores envolvidos
De acordo com o delegado, o responsável por começar as agressões ao estudante tem 15 anos. Ele e outros três menores de idade foram identificados e ficarão sob a responsabilidade da Delegacia da Criança e do Adolescente.

Cavichioli acredita que o grupo que agrediu Felipe Augusto Milanez faz parte de “uma gangue” de Brazlândia. Segundo ele, os maiores de idade envolvidos no crime podem pegar até 30 anos de prisão.

O crime
O crime ocorreu por volta das 2h de uma segunda-feira. Felipe afirma que saia de uma festa com dois amigos e estava abraçado com um deles quando começou a ser agredido verbalmente. Segundo ele, próximo à Rua do Lago, três suspeitos apareceram e começaram a xingá-lo.

O jovem Felipe Milanez foi vítima de um ataque homofóbico no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

Felipe diz que virou as costas para deixar o local, mas levou uma facada na cabeça. O jovem, então, reagiu com um soco no agressor. Foi quando um grupo de cerca de dez pessoas começou a atacá-lo.

Além da cabeça, o estudante levou facadas no ombro, peito, costas e joelho. Ele teve perfurações nos pulmões, rompeu o ligamento do joelho e passou a ter dificuldades para andar.

Felipe Milanez ficou internado por oito dias após ataque homofóbico — Foto: Reprodução/TV Globo

Durante as agressões, um amigo tentou ajudá-lo e também foi agredido. Já sangrando e sem forças, Felipe entrou em um carro estacionado, mas um dos agressores conseguiu invadir o veículo e continuou o ataque.

“Foi quando ele começou a cortar o meu cabelo com a faca mesmo, a me apunhalar e me dar vários chutes, socos.”

Segundo o jovem, durante todo o período das agressões, os xingamentos com cunho homofóbico continuaram. “Eles me tratavam no feminino. De todas as formas. De mulherzinha. Eu acredito que pelo fato de estar com um amigo e abraçado a ele.”

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